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“Hypnotic – Ameaça Invisível”: Realizando sonho antigo, Robert Rodriguez dá vida a projeto repleto de enganos | 2024

Eu me distrai… só por um segundo

Filmes de ilusionismo e hipnose bradam a indústria desde os seus primórdios. O cinema moderno tem se empenhado consideravelmente na busca por tramas engenhosas e originais em meio ao caos revisionista das franquias de heróis e guerras espaciais, e alguns títulos conseguem ganhar o status de “clássico cult” mesmo com seu pouco tempo de existência. Não é o caso – ainda – de “Hypnotic: Ameaça Invisível”, que chegou aos cinemas no último trimestre de 2023 e logo em seguida ao catálogo do Prime Video.

Dirigido por Robert Rodriguez, o filme tem todos os elementos de um clássico cult moderno: pistas espalhadas na primeira metade, mitologia própria meio complexa, uma revelação catártica, um ritmo peculiar e um protagonista de expressões apáticas. Contudo, falta-lhe o fôlego para ser alçado a tal posto instantaneamente. É como se aquilo que nos é exibido durante 1h30 fosse um descompromisso com a verdade do público, e isso acontece, talvez, porque “Hypnotic” parece completamente deslocado de seu tempo.

O filme aparenta ser, simultaneamente, um daqueles thrillers de mistério da virada dos anos 90 para os 2000 e também um fenômeno que só será reconhecido pela próxima geração, tal qual aconteceu a “Donnie Darko” (2001). Obviamente a “viagem” aqui é bem mais pé no chão do que o filme estrelado por Jake Gyllenhaal, mas a síntese da recepção segue o mesmo caminho. “Hypnotic” tem uma pegada com ares de cinema B e uma proposital falta de refinamento, mas compensa o tempo dedicado justamente por não se levar tão a sério e ser de “digestão rápida”, isto é, um escapismo da realidade real (parece pleonasmo, mas faz sentido no contexto) sem grandes pretensões de reinventar a roda.

Ben Affleck, que protagoniza o longa ao lado de Alice Braga, expressa um cansaço na atuação que pode ser justificado dentro da própria trama quando a grande revelação vem à tona. Seu personagem é uma mutação de percepções, parecendo uma mistura de Bryan Mills, de “Busca Implacável” com a Bella de “Crepúsculo”,  ambos filmes lançados em 2008. A impressão hoje é que o filme é charlatão e até meio preguiçoso, principalmente nos acabamentos de sua montagem, mas esse traço, se observado com carinho, se torna algo até charmoso – mesmo que do jeito mais cafona possível.

 

Vinícius Martins

Cinéfilo, colecionador, leitor, escritor, futuro diretor de cinema, chocólatra, fã de literatura inglesa, viciado em trilhas sonoras e defensor assíduo de que foi Han Solo quem atirou primeiro.

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