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“Sisu: Uma História de Determinação”: Longa é jornada épica, brutal e intensa com uma narrativa nada convencional | 2023

O cinema de ação, ao longo de suas muitas fases e com uma constelação de astros, frequentemente apresenta uma vertente em que personagens lendários realizam proezas inimagináveis, enfrentando inúmeros inimigos como um verdadeiro exército de um homem só. Uma crítica recorrente a esse estilo reside na inverossimilhança dos eventos retratados. No entanto, é essencial reconhecer que essas narrativas são construídas seguindo o padrão das histórias épicas. Como em toda saga de herói, há a presença de um mito, um relato que transcende a realidade crua. Feita essa ressalva, “Sisu: Uma História de Determinação” é mais uma grande obra que compõe essa constelação de empilhadores de corpos, acrescentando uma dose cavalar de selvageria e brutalidade que faria o próprio Rambo tremer na base.

Nos derradeiros momentos da Segunda Guerra Mundial, um solitário explorador busca ouro em uma vasta área no interior da Finlândia. A serenidade desse cenário é bruscamente interrompida quando um sinistro grupo de nazistas cruza seu caminho, desencadeando uma reviravolta inesperada. Sem demora, o homem pacato revela-se uma arma letal, e o exército inimigo está prestes a descobrir que as aparências enganam.

Apesar de ambientado no período da segunda grande guerra, “Sisu” destaca-se ao explorar o silêncio em contraste com o caos sonoro típico de filmes desse gênero. Ao invés de enfatizar as grandiosas batalhas, o filme adota uma abordagem mais individualista, focando em uma figura enigmática e reservada. A maior parte do tempo transcorre em silêncio, com o protagonista não emitindo uma só palavra durante quase toda projeção, com sua identidade sendo revelada através de breves diálogos proferidos por terceiros. Quanto aos demais personagens, especialmente os nazistas, todos são retratados de maneira estereotipada, com rostos sinistros, cicatrizes marcantes, falas clichês e risadas vilanescas, aderindo a uma abordagem direta e desprovida de nuances.

Uma das marcas distintivas desta produção é, sem dúvida, a intensidade da brutalidade. As cenas de confronto são profundamente angustiantes, mesmo quando a câmera ocasionalmente desvia o olhar e muitas das mortes são retratadas com uma execução mais sóbria, o que sugere claramente que o filme não busca explorar o sadismo, mas sim direcionar o foco para a tentativa de sobrevivência pura e simples.

O termo “Sisu” tem suas raízes em uma palavra finlandesa intraduzível, significando “interior” ou “de dentro de si”. Para os finlandeses, essa expressão carrega um significado místico, quase mágico. Mais do que uma simples palavra, “Sisu” é uma poderosa injeção de energia e coragem, encapsulando a essência de força de vontade, determinação, perseverança e resiliência. O título, ao abraçar esse simbolismo, isenta a narrativa de qualquer contradição, incluindo o impossível na lista de possibilidades, convidando o espectador a simplesmente desfrutar do espetáculo.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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