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Especiais do Papo

Especial: Os 25 Melhores Filmes de 2023

É dezembro… e batata! É hora dos críticos do Papo se reunirem para trazer até vocês a tradicional lista dos 25 MELHORES FILMES DO ANO. Um ano marcado pelo evento ‘Barbenheimer’, que movimentou a indústria do cinema como há muito não se via e em grande parte das salas de cinema pelo mundo o longa de Christopher Nolan acabou sendo impulsionado pela febre gerada pelo filme da boneca mais famosa da cultura pop. Mas o ano não se resume aos enlatados; os festivais, em pleno vapor pelo mundo afora, nos trouxeram grandes filmes do cinema fora do eixo, assim como nossas adoradas produções nacionais, que ostentam uma extensa lista de queridinhos, que infelizmente acabaram não entrando na seleção final, mas que não deixam de ser grandes por isso.

Na lista desse ano temos novidades. Nos anos anteriores o editorial limitava a seleção trazendo somente longas que exclusivamente haviam sido lançados no circuito ou no streaming durante o ano. Mas a cantiga é outra em 2023! Os longas vistos pela equipe em festivais ou premières também se formaram aptos à integrar a lista e portanto liberados pra votação entre nossos redatores. Bora conferir o crème de la crème do cinema mundial?

1. Vidas Passadas | Celine Song

A capacidade do melodrama de ressaltar as paixões humanas e os conflitos morais o torna um gênero duradouro e impactante, com destaque para narrativas culturais latino-americanas, em grande medida graças às telenovelas. Apesar de inovações estilísticas e temáticas, o melodrama pós-moderno ainda mantém uma ênfase na intensidade emocional, no entanto, como fruto de nossos tempos, exercita a compreensão de um mundo de emoções efêmeras, ambientada em uma realidade urbana e em constante mudança. “Vidas Passadas”, novo longa de Celine Song, vai por esse caminho e nos entrega uma profunda e melancólica reflexão sobre nosso admirável mundo novo.

Onde Assistir? Em fevereiro nos cinemas!

2. Tia Virgínia | Fábio Meira

Vera Holtz é quem vive a Tia Virgínia, que está na casa dos 70 anos, não teve nenhum filho e nunca se casou. Em dado momento, no agravamento da doença da mãe (Vera Valdez) ela acabou sendo convencida pelas irmãs, Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso), a cuidar da mulher em tempo integral e em contrapartida abandonando a própria vida em troco de ter um lugar pra ficar. Em uma casa na região serrana no Rio de Janeiro e se passando em apenas um dia, a narrativa acompanha a preparação de Virginia para receber as irmãs que estão vindo com os sobrinhos para celebrar as festas de fim de ano.

Onde Assistir? Em breve no streaming!

3. Barbie | Greta Gerwig

Nessa aventura salpicada de rosa, acompanhamos o dia a dia em Barbieland – um lugar onde todas as versões da boneca Barbie vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas, curtir festas e a praia. É quando a chamada Barbie estereotipada (Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas amigas acerca disso. Depois de algumas alterações em seu corpo ela procura respostas com a Barbie Estranha (Kate McKinnon) e vai ouvir coisas que ela não gostaria, uma delas que existe um mundo real e que ela precisa ir até lá para descobrir o que está acontecendo com ela. Barbie então precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca – pelo menos ela está acompanhada de seu fiel e amado Ken (Ryan Gosling), que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo.

Onde Assistir? HBO Max!

4. O Assassino | David Fincher

Com um protagonista tão metódico quanto o diretor, o filme se faz uma magistral rapsódia de autocontrole que se torna, de modo quase alegórico, um drama existencialista. Apesar disso, o roteiro se esquiva da facilidade de posicionar o assassino como um balaústre dentro do mecanismo intrincado do crime organizado e coloca nele conflitos, dilemas e fragilidades que vão se expondo ao público a cada novo momento onde sua humanidade e seu profissionalismo se põem em atrito. Suas regras enfatizadas repetidas vezes se tornam um mantra que guia o filme e simultaneamente defendem e acusam as condutas e escolhas do assassino, deixando o julgamento ao público se a carnificina proposta é ou não defensável dada a circunstância.

Onde Assistir? Netflix!

5. Retratos Fantasmas | Kleber Mendonça Filho

O longa tem início com um convite. O cineasta literalmente abre as portas da casa onde passou uma importante parte da vida, quando ainda jovem fez suas primeiras experiências com a câmera. Em tom poético, o documentário narra casos tão pessoais que em pouquíssimo tempo de projeção já é possível estabelecer uma relação de proximidade e intimidade. Por vezes Kleber adota um tom melancólico, porém ele já havia mostrado excelente timing cômico nas produções anteriores e aqui utiliza bem essa habilidade para vez ou outra suavizar o clima.

Onde Assistir? Netflix!

6. Oppenheimer | Christopher Nolan

Christopher Nolan, que dirige e escreve aqui sua primeira cinebiografia, entende muito bem a personalidade que foi J. Robert Oppenheimer em todas as suas faces – e de igual maneira apresenta também uma percepção apurada sobre as maquinações políticas que assolaram o seu entorno, principalmente no período pós-Trinity. Com dois vieses históricos para discutir, Nolan divide seu filme de três horas em duas partes: uma corrida de exploração científica e uma trama política absurdamente egóica. Plenamente ciente do excesso de personagens do filme e da complexidade atenuada de seu enredo, Nolan emprega uma montagem prática e eficiente, que recorre a lembretes visuais para identificar tantos indivíduos aos quais não estamos familiarizados através de brevíssimos flashbacks.

Onde Assistir? Aluguel Apple TV!

7. Pobres Criaturas | Yorgos Lanthimos

Frankenstein é um romance escrito por Mary Shelley, publicado em 1818 e sem muita sutileza, a principal obra que inspira “Pobres Criaturas”. Com Yorgos Lanthimos a frente na direção, o controverso cineasta grego injeta uma abordagem reminiscente de “Pigmalião”, peça de George Bernard Shaw realizada quase cem anos depois, em 1912. Nessa nova leitura, questões como responsabilidade ética, a busca por conhecimento, desconexão social, a dicotomia entre natureza e ciência, bem como alienação e rejeição, ganham uma nova camada.

Onde Assistir? Em fevereiro nos cinemas!

8. Assassinos da Lua das Flores | Martin Scorsese

A leitura histórica que o roteiro de Scorsese e Eric Roth promove é eficiente (e parcialmente questionável) ao montar a estrutura em torno da ambição do povo branco e dos crimes cometidos por ele contra os nativos Osage, que ficaram multimilionários após a descoberta de petróleo em suas terras e, por isso, se tornaram alvos de golpes legalizados que se consumaram através de laços matrimoniais e mortes misteriosas que favoreciam os cônjuges herdeiros. Em uma mescla inusitada de gêneros que se alternam no decorrer da exibição, percebe-se que mesmo apesar das quase 3h30 de duração que ‘Assassinos da Lua das Flores’ possui, existe um dinamismo conciso devido ao domínio do diretor e, por isso, o tempo não é sentido com pesar ou fadiga; contudo, por mais contraditório que possa parecer, a impressão que fica ao final é que sobra conteúdo e falta tempo enquanto, paralelamente, o filme poderia ter sido menor.

Onde Assistir? Cinemas!

9. Pedágio | Carolina Markowicz

Após impactar crítica e público com o drama ao melhor estilo ‘soco no estômago’ em ‘Carvão’, Carolina Makowicz, homenageada em Toronto recentemente sendo a primeira brasileira a receber um Tribute Awards, a cineasta apresentou pela primeira vez no Brasil o aguardado ‘Pedágio’, em mais uma dobradinha com a talentosa Maeve Jinkings. ‘Pedágio’ é um outro lado da promissora Carolina, que ainda em seu segundo longa metragem, apresenta uma versatilidade que poucas vezes vimos em alguém em início de carreira no nosso cinema.

Onde Assistir? Cinemas!

10. Folhas de Outono | Aki Kaurismäki

Derrubadas as barreiras culturais, “Folhas de Outono” revela não apenas uma estrutura singular, mas também soluções visuais surpreendentemente inventivas. Um exemplo notável ocorre quando um personagem espera alguém diante de um cinema. Em meros segundos, testemunhamos sua expressão ansiosa, as luzes da fachada se extinguindo, e sua partida. Na sequência, a pessoa aguardada finalmente chega, observa o lugar onde o outro estava, depara-se com vários cigarros no chão e, sem palavras, também se retira. Essa breve sequência encapsula uma narrativa rica, revelando que o primeiro esperava há muito tempo, e a segunda, percebe isso. A habilidade ímpar do diretor em transmitir tantos detalhes em tão pouco tempo, sem recorrer a diálogos, evidencia a maestria com que Kaurismäki domina a linguagem cinematográfica, destacando que, no cinema, a imagem é sua principal ferramenta.

Onde Assistir? Cinemas!

11. Missão Impossível 7 – Acerto de Contas | Christopher McQuarrie

Dialogando com a grande questão do nosso tempo, o roteiro aborda a temática da inteligência artificial como quem quer jogar lenha na fogueira – e com isso provoca seu público (e também a própria indústria, que enfrenta uma greve de roteiristas justamente por, entre outras demandas, o uso do recurso da IA na criação de conteúdo) para uma reflexão sobre os monstros que criamos na expectativa de controlá-los mas que aos quais acabamos subjugados – além de conspirações governamentais e mentiras que homens gananciosos insistem em manter em nome do poder; tudo isso com sequências eletrizantes e brilhantemente conduzidas, que tornam este o melhor filme de ação do ano até agora. A franquia ‘Missão Impossível’ continua, de fato, a melhor da atualidade em seu gênero – e Tom Cruise se confirma, mais uma vez, como o ícone do cinema enquanto experiência a ser apreciada como o grande espetáculo que é.

Onde Assistir? Prime Vídeo!

12. Monster | Hirokazu Koreeda

Embora o conceito de família seja um tema amplo em “Monster”, a trama, em sua essência, concentra-se no indivíduo, estruturando o filme a partir de diferentes pontos de vista, um elemento muito comum no cinema desde “Rashomon”, clássico japonês dos anos 50, originando o termo “Efeito Rashomon”, que se refere à natureza subjetiva da interpretação de eventos ou histórias. Em outras palavras, quando várias testemunhas ou narradores descrevem o mesmo evento, suas versões da história podem ser conflitantes e contraditórias devido às diferenças na percepção, memória e interpretação.

Onde Assistir? Em breve no Reserva Imovision!

13. Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você | Roberto de Oliveira, Jom Tom Azulay

O filme não perde tempo ao estabelecer uma linha do tempo concisa, fornecendo ao espectador um contexto informativo essencial para compreender a jornada de cada uma das personalidades até o ponto crucial da produção e gravação do disco. Para atingir esse objetivo, o documentário adota abordagens tradicionais, como entrevistas com pessoas diretamente envolvidas e familiares, combinando-as com preciosas filmagens raras que foram meticulosamente recuperadas e restauradas em qualidade 4k.

Onde Assistir? Aluguel Apple TV!

14. 20.000 Espécies de Abelhas | Estibaliz Urresola Solaguren

Primeiro longa-metragem da realizadora basca Estibaliz Urresola Solaguren, “20.000 Espécies de Abelhas” têm início durante as férias escolares. Devido a dificuldades em seu casamento, Ane (Patricia López Arnaiz) decide viajar com seus filhos para o interior, retornando ao antigo vilarejo onde passou a infância. Lá ela encontra refúgio na oficina de esculturas, uma prática que seu pai lhe ensinou. No entanto, este não é um momento desafiador apenas para ela. Seu filho mais novo, Aitor, passa a rejeitar seu nome de batismo e a questionar o mundo ao seu redor em busca de compreender sua verdadeira identidade.

Onde Assistir? Em breve nos cinemas!

15. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso | Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson, Kemp Powers

‘Homem – Aranha: Através do Aranhaverso’ não é somente um afresco memorável aos fãs do personagem e suas infinitas variações, mas sim uma intensa oficina de como se constrói uma narrativa coesa em um casamento de elementos visuais que acrescentam e agregam ainda mais valor à trama. Os diversos personagens secundários e os surpreendentes plots que vão ocorrendo possuem, de igual maneira, um peso dramático colossal nas dinâmicas entre os heróis e vilões, fazendo uma ponte com as figuras antagônicas de forma tão consistente que é possível até mesmo defender seus ataques ao protagonista – isto é, sob a perspectiva deles.

Onde Assistir? HBO Max!

16. Mato Seco em Chamas | Joana Pimenta, Adirley Queirós

Um país do futuro, mas o mesmo de sempre. Este é o Brasil de “Mato Seco em Chamas”, longa que mistura documentário e ficção distópica no cenário de uma das maiores favelas do mundo, “Sol Nascente”, em Ceilândia, nos arredores de Brasília, a capital Federal. Porém, sigo com a reflexão: afinal, o que vivemos aqui no Brasil, sobretudo no período da ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro, já não nos remete, de qualquer modo, a uma distopia? Ora, se distopia, por definição, significa a representação de uma organização social cujos valores representam a antítese de utopia, o Brasil de Bolsonaro, de fato, poderia ser facilmente descrito como uma sociedade distópica.

Onde Assistir? Aluguel Google Play!

17. Anatomia de Uma Queda | Justine Triet

O longa foi o grande vencedor da Palma de Ouro na 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes, feito que consagrou Justine Triet como a terceira mulher na história a conquistar o prêmio. No entanto, surpreendentemente, o filme não foi a escolha da comissão francesa para representar o país na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar, possivelmente devido à maioria dos diálogos em língua inglesa. Independentemente das circunstâncias, “Anatomia de uma Queda” é inegavelmente uma obra que merece destaque, e é seguro afirmar que, seja por qual caminho for, continuará a ter um impacto significativo nos próximos anos.

Onde Assistir? Em fevereiro nos cinemas!

18. Fale Comigo | Danny Philippou, Michael Philippou

Após um longo período de divulgação, “Fale Comigo” chegou ao Brasil trazendo grandes expectativas. Se por um lado a publicidade é um fortíssimo ativo para os produtores, cabe um pouco de cautela uma vez que essas mesmas expectativas podem gerar frustrações e, por consequência, toda uma onda contrária ao hype. Nesse quesito, talvez o expectador desavisado se beneficie mais, já que parte de um lugar sem ideais preconcebidas e assim encare o filme de coração e mente mais abertos.

Onde Assistir? Aluguel Google Play!

19. Incompatível Com a Vida | Eliza Capai

O título do filme vem de um diagnóstico médico durante uma ultrassom. Capai exprime a dor da notícia da condição do bebê que carrega no ventre e a transforma em uma narrativa intimista, expondo as vísceras do relacionamento com o parceiro e as dificuldades de passar por uma situação tão extrema. O quadro de anencefalia, mais especificamente da Síndrome de Edwards, provoca atrasos graves no desenvolvimento devido a um cromossomo 18 extra. Para abordar a vivência de tantas mulheres distintas além da própria experiência com uma gravidez assim, Capai intercala os relatos com paisagens ordinárias e recortes de arte enquanto as palavras ressoam em off, como um lembrete de que a vida continua acontecendo e o mundo continua girando e ninguém mais se importa com aquela dor – e isso provoca uma mistura de revolta, empatia, impotência e aflição.

Onde Assistir? Em breve no streaming!

20. John Wick 4: Baba Yaga | Chad Stahelski

O ponto de vista é fundamental em toda e qualquer narrativa, e é exatamente o que transforma Roy, por exemplo, no vilão de ‘Blade Runner: O Caçador de Andróides’ (1982). Se a crônica tivesse sido apresentada por seu ponto de vista e ele fosse colocado no posto de protagonista, certamente seria um dos maiores e mais memoráveis heróis da história do cinema – mas não foi o que aconteceu, pelo menos não imediatamente. Hoje Roy é o personagem mais estudado do clássico dirigido por Ridley Scott, e muitos fãs questionam se suas motivações, no fim das contas, não seriam as mais justas. E é aí que entra o quarto filme da franquia ‘John Wick’, justamente por entender e agregar a plenitude dessa ideia de dualidade em sua estrutura narrativa com uma eficiência ímpar, e colocar na mesa três antagonistas que assumidamente são, cada um ao seu modo, heróis da própria história.

Onde Assistir? Prime Video!

21. Afire | Christian Petzold

Christian Petzold é uma figura amplamente respeitada na indústria cinematográfica, sobretudo no cenário europeu. O cineasta é presença constante nos renomados festivais do continente, em especial na sua terra natal, a Alemanha. Em seus filmes, ele habilmente tece narrativas que exploram questões históricas e contemporâneas, frequentemente infundindo uma intrigante mistura de mistério e melodrama. Em “Afire”, Petzold adota predominantemente uma abordagem realista, no melhor estilo Rohmer, mas um olhar mais atento revela a poesia e os simbolismos característicos do diretor, que conferem uma aura mágica à complexa realidade das relações humanas retratadas.

Onde Assistir? Em breve no Reserva Imovision!

22. Todos Nós Desconhecidos | Andrew Haigh

A dor do luto vez por outra é revisitada no cinema. Entre tantas formas de se falar sobre o tema, a escolha aqui é inserir bem no meio desse buraco no peito um romance inesperado quando nada parece ser favorável. Ainda sem título em português, o roteiro de ‘All Of Us Strangers’ (em tradução livre algo como Somos Todos Estranhos) foi escrito por Andrew Haigh, muito conhecido por suas contribuições para o clássico gay contemporâneo ‘Weekend’ (2011), o conto de amadurecimento ‘A Rota Selvagem’ (2018) e a minissérie da BBC ‘Águas do Norte’. Embora ache que o filme seja muito mais do que um romance gay, pelos trabalhos anteriores do cineasta era previsto que esse projeto esbarrasse na temática.

Onde Assistir? Em breve nos cinemas!

23. Capitu e o Capítulo | Júlio Bressane

Lançando mão de uma sobreposição de elementos que revelam o quão atento é como leitor, Júlio Bressane acrescenta mais um capítulo na extensa fortuna semiótica acumulada a partir do primeiro exemplar aberto de “Dom Casmurro” e expande ainda mais as já múltiplas (res)significações de uma obra inesgotável. Através de um exercício bastante particular, haja visto a inserção de imagens e sons de outros filmes seus, o cineasta sabiamente ignora a confecção de uma trama em nome da criatividade no labor de suas engrenagens, assim como o mestre a quem presta um belo tributo.

Onde Assistir? Em breve no streaming!

24. Godzilla Minus One | Takashi Yamazaki

A fascinação aos filmes de monstros reside na representação da criatura como uma força de imensa imponência e terrível capacidade de destruição. Esta abordagem frequentemente desloca a atenção dos aspectos humanos, relegando-os a um papel secundário e, por vezes, tornando-os desinteressantes. Em “Godzilla Minus One”, isso ainda acontece, mas em menor grau quando comparada as suas variantes norte-americanas. Ao abraçar uma estrutura clássica de melodrama, “Godzilla Minus One” conduz a trama principal por um caminho direto, fazendo uso de arquétipos facilmente reconhecíveis e, dessa forma, traçando um percurso eficaz que estabelece uma conexão imediata com o público. O protagonista, Shikishima, desempenha o papel do típico herói em busca de redenção, cercado pelo corajoso questionador, Yoji (Kuranosuke Sasaki), e pelo cientista Kenji Noda (Hidetaka Yoshioka). A presença dessas figuras arquetípicas, embora familiares no cenário cinematográfico e literário, não denota uma abordagem preguiçosa; ao contrário, revela-se uma astuta maneira de direcionar a narrativa diretamente para o cerne do que realmente importa.

Onde Assistir? Cinemas!

25. Mussum, o Filmis | Silvio Guindane

Com uma produção bem cuidada e direção de arte impecável, a estreia na direção de Silvio Guindane é impressionantemente cirúrgica, mesmo abrangendo toda a vida de Mussum; desde as tocantes interações entre Cacau Protásio e Thawan Lucas (Antônio Carlos na infância) até a fase adulta na performance irrepreensível de Ailton Graça. A sensibilidade de Guindane em suas escolhas que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo, é a melhor definição do que um dia eu conheci como ‘dramédia’. ‘Mussum, O Filmis’ é sobre a história desse incrível artista (que inclusive desmistifica algumas inverdades acerca de sua morte) mas também é sobre a cultura e a música de um país onde aos mesmos negros que constroem a nossa memória são aqueles discriminados e invisibilizados.

Onde Assistir? Aluguel Google Play!

Redação e Colaboração:

  • Karina Massud;
  • Vinícius Martins;
  • Eduardo Machado;
  • Alan Ferreira;
  • Rafa Ferraz;
  • Maurício Stertz;
  • Marcello Azolino.

Editor Chefe:

  • Rogério Machado.

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