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“Licença para Enlouquecer”: Comédia é jornada de empoderamento feminino em meio à pandemia | 2024

Saraliaeleia

Incontáveis são as obras audiovisuais que abordaram o efeito da pandemia nas relações. No mundo todo a ficção trouxe uma forma de apresentar o mal que esteve entre nós por quase três anos e que levou tantas pessoas queridas da nossa convivência. Entre tantos gêneros que passaram pelo streaming ou pelos cinemas, a comédia também tem seu lugar para conscientizar enquanto faz rir, e o cineasta Hsu Chien seguiu por esse caminho ao nos apresentar a história de três amigas inseparáveis.

Quando a pandemia da Covid 19 explode no Brasil, a vida das amigas Sara (Mônica Carvalho), Lia (Danielle Winits) e Léia (Michele Muniz) vira um caos de proporções gigantescas. O problema é que elas têm que dividir um apartamento minúsculo em São Paulo, o que faz a relação delas estremecer. Contudo, esses dias de clausura estão para ter um fim quando elas se tornam cúmplices para atender a uma proposta indecente e irrecusável: cruzar o país para “animar” uma festa secreta na paradisíaca praia de Maragogi, em Alagoas.

Na primeira parte o filme faz um recorte que já vimos em outras obras e que já conhecemos muito bem por termos vivido ou conhecido histórias parecidas: as rusgas durante um convívio tão extenso durante 24 horas por dia, sem qualquer refresco. A busca por sexo virtual ou um simples date on line, a ida ao mercado ou mesmo as farpas trocadas com o Sr Carlos (Nelson Freitas), o exigente e paranoico síndico do prédio, são retratados aqui com bom humor, mas que não apresenta liga entre uma sequência e outra. As quebras de ritmo constantes, como quando as vizinhas tentam se aproximar do Sr Carlos, acabam caindo no piegas com o velho discurso de ser quem se é e ter orgulho disso.

Ainda que o primeiro ato apresente problemas, o bate bola entre as amigas, com os defeitos e as qualidades de cada uma, é engraçado de se ver. O que não se pode dizer da segunda parte quando, num spa em Maragogi,  novos personagens entram na trama e a impressão que temos é que a direção de Hsu Chien não sabe pra onde ir, pulverizando amenidades que em nada contribuem com o mote da produção . A trama se vende como uma história que empodera mulheres, mas o que acontece é exatamente o contrário. O que vemos são mulheres que dependem de homens (ao menos ser desejada por eles) para seguir em frente. O discurso de empoderamento é falho e o que sobra são alguns sequências que transitam entre o cômico e o grotesco.

Devo ressaltar que Michele Muniz e a sempre ótima Danielle Winits se destacam com um impressionante timing cômico num filme que promete muito e entrega muito pouco.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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