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“A Grande Entrevista”: Os bastidores da entrevista que culminou com a queda do Príncipe Andrew é foco em drama jornalístico | 2024

Existe um gênero cinematográfico bem amadurecido em Hollywood, o drama jornalístico que, quando bem conduzido, alavanca histórias monumentais como a queda do Presidente Nixon no inesquecível “Todos os Homens do Presidente” (1976), ou as denúncias de pedofilia na Igreja Católica com o Oscarizado “Spotlight: Segredos Revelados” (2015). Em ambas as obras, acompanhamos de perto as engrenagens que giram em uma redação jornalística para garantir um furo de reportagem ou uma entrevista exclusiva que tem o potencial de mudar a história, tamanho o impacto do Quarto Poder como influenciador da opinião pública.

Um desses fatos históricos que aconteceu logo ali nos idos da pré pandemia foi a bomba da revelação que o Príncipe Andrew, filho predileto da finada Rainha Elizabeth II, era amigo íntimo do magnata Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual de menores. Uma série de fotos comprometedoras com jovens garotas e Andrew, fotografado em festas do jet set em que Epstein costumava oferecer aos seus amigos, torna-se uma bomba para a Família Real britânica digerir. No foco desta adaptação cinematográfica, temos a booker do Programa da BBC NewsNight, Sam McAlister, lutando para conseguir uma entrevista exclusiva com o Príncipe Andrew sobre o escândalo. Em meio a uma crise financeira que a emissora passava com cortes consideráveis no seu quadro de funcionários, a equipe do NewsNight se empenha com unhas e dentes para colocar a jornalista Emily Maitlis (Gillian Anderson) frente a frente com um Príncipe Andrew interpretado aqui pelo inglês Rufus Sewell.

Equivoca-se quem acha que Gillian Anderson é a protagonista desta narrativa, a atriz Billie Piper é quem interpreta Sam McAlister e é sob a perspectiva pessoal dela que acompanhamos toda a trama complexa para conseguir chegar até uma exclusiva do alto escalão. Enquanto a atriz desfila com figurinos de alta grife e confere um desempenho correto para o papel de McAlister, Anderson e Sewell evocam os maneirismos das figuras que representam, sejam no gestual, no tom de voz e na maquiagem. A entrevista original está aí no YouTube para confirmar o trabalho preciso de reconstrução deste momento tenso e desconcertante que maculou mais uma vez a Família Real.

A direção ágil e eficiente de Philip Martin, que já dirigiu alguns episódios da série “The Crown”, alavanca a dinâmica de idas e vindas do roteiro. Acompanhar todos os elementos envolvidos com a negociação entre a Secretária Particular do Príncipe Andrew, Amanda Thirsk (Keeley Hawes), e Sam para extrair uma oportunidade do Príncipe Andrew se retratar sobre as acusações lamentáveis que eram bombardeadas pelos tablóides, vira um fascinante morde e assopra para limpar a barra do príncipe que por sua vez vivia completamente desconectado da realidade e soltando frases inconvenientes para qualquer ser humano que cruzasse seu caminho.

A Samantha McAlister original foi quem escreveu o best seller Scoops que serve aqui como material de base para esta cinebiografia “made for TV” que já está disponível no catálogo da Netflix.

Marcello Azolino

Advogado brasiliense, cinéfilo e Profissional da indústria farmacêutica que habita São Paulo há 8 anos. Criou em 2021 a página @pilulasdecinema para dar voz ao crítico de cinema e escritor adormecido nele. Seus outros hobbies incluem viagens pelo mundo, escrever roteiros e curtir bandas dos anos 80 como Tears For fears, Duran Duran e Simply Red.

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