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“Love Lies Bleeding – O Amor Sangra”: Kristen Stewart brilha em jornada intensa, sensual e perturbadora | 2024

O tema vingança sempre capturou a imaginação de audiências tanto em filmes populares quanto independentes, abordando a violência como resposta a injustiças. “Love Lies Bleeding – O Amor Sangra” trabalha nessa chave, e enquanto apresenta uma forte carga de tensão em meio a situações muito palpáveis, encontra espaço para elementos de horror e fantasia, extrapolando assim os limites narrativos, transitando entre gêneros com extrema fluidez.

Na trama acompanhamos Lou (Kristen Stewart), uma introspectiva gerente de academia, cuja vida muda drasticamente ao se apaixonar por Jackie (Katy M. O’Brian), uma determinada fisiculturista em ascensão em busca de sucesso. Enquanto a paixão entre elas cresce, um evento trágico as arrasta para um submundo criminoso controlado pelo pai de Lou.

Dirigido por Rose Glass, “Love Lies Bleeding” é apenas o segundo longa na carreira da cineasta britânica de apenas 34 anos. Sua estreia foi com o terror psicológico “Saint Maud” em 2019. Em seu mais recente projeto, Glass retoma alguns elementos bem desenvolvidos na estreia, mas adiciona uma dose extra de adrenalina, além de um romance altamente envolvente e perigoso.

A notável fusão de gêneros é uma capacidade marcante, pois transitar entre diferentes estilos demanda coerência, exigindo um profundo entendimento de cada um. Um exemplo é a personagem interpretada por Katy O’Brian, Jackie, que de maneira ora direta, ora sutil, remete a uma antiga tendência do cinema fantástico em retratar mulheres de forma monstruosa. Essas representações frequentemente ecoam os medos e ansiedades sociais relacionados ao papel da mulher na sociedade, explorando complexidades de poder e sexualidade.

Filmes como “Psicose”, “Carrie”, “O Exorcista” e “Louca Obsessão”, apesar de todo merecido crédito e a despeito de serem grandes clássicos, ao longo dos anos foram alvos de críticas por perpetuarem estereótipos misóginos e reforçarem ideias prejudiciais às mulheres. Já a personagem Lou, magistralmente interpretada por Kristen Stewart, é o completo oposto. De aparência comum e vestes discretas, Lou, em contraste com a sonhadora Jackie, parece estar presa no piloto automático, desesperançada, não consegue sequer esboçar um sorriso. A cena inicial  mostra a personagem limpando e desentupindo uma privada em condições deploráveis.  Por mais estranho que isso possa parecer, esse ato de limpar a sujeira alheia sintetiza o que está por vir. Destaque também para o veterano Ed Harris, interpretando o assustador e imprevisível pai de Lou.

Lançado no festival de Sundance 2024, “Love Lies Bleeding” compartilha uma semelhança evidente com “Thelma e Louise”, mas também apresenta afinidades com o recente “Rivais”. Em ambos os casos, a narrativa é conduzida pelos corpos, pelo desejo, essa força motriz tantas vezes reprimida. Mais do que apenas uma aceitação, é a celebração da liberdade dos corpos.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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