⚠️ VEJA OUTRAS CRITICAS DO PAPO EM NOSSO ACERVO (SITE ANTIGO).

ACESSAR SITE ANTIGO
PitacO do PapO

“Ghostbusters: Apocalipse de Gelo”: Novo filme da franquia investe em nostalgia ao reunir elenco original na cidade onde tudo começou | 2024

Desde que a série de filmes Ghostbusters ganhou um reboot em 2021 com o longa “Ghostbusters: Mais Além” (2021), era inevitável que uma continuação sairia do forno em seguida reciclando o que deu certo com o elenco formado por Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard  e Mckenna Grace e a velha guarda caça fantasma dos anos 80: Dan Aykroyd, Bill Murray e Ernie Hudson. E se no filme de 2021 os atores originais ganharam pouco tempo de tela, aqui eles competem violentamente por espaço na narrativa para tirar um suspiro ou outro nostálgico de referências a situações que se remetem aos dois filmes originais de 1984 e 1989.

Na trama situada novamente na cidade onde tudo começou, Nova Iorque, Gary Grooberson (Rudd), Callie (Coon), Trevor (Wolfhard) e Phoebe (Grace) residem em cima da clássica Ladder 8, uma das sedes do Corpo de Bombeiros nova iorquino aonde os filmes dos anos 80 imortalizaram como o escritório dos Caças Fantasmas. A demanda pela nova geração de caçadores de espectros continua alta e é sempre marcada por caos e destruição nas ruas de Manhattan. Enquanto isso, Ray Stantz (Aykroyd) toca sua vida como aposentado em uma loja de artefatos históricos e recebe a visita de Nadeem (Kumail Nanjiami), que alega ter herdado de sua avó um orbe que supostamente aprisiona um fantasma de proporções e perigo catastróficos para quem o libertar. Ele vende o orbe para Ray e este inicia uma jornada para entender a origem histórica daquela peça fascinante.

Apocalipse do Gelo tenta reciclar uma série de estilos próprios do gênero de aventura flertando um pouco com filmes como A Lenda do Tesouro Perdido (2004) e  até mesmo O Código da Vinci (2006). No entanto, o longa tem um desfile de tantos personagens que se torna praticamente impossível dar coesão a tantas histórias paralelas que terminam sem uma conclusão satisfatória. E é realmente uma pena desperdiçar a química maravilhosa entre os atores da família que protagoniza esse capítulo. Paul Rudd, que tem um timing fabuloso para comédia por exemplo, tem que se contentar com poucas cenas em que pode realmente mostrar a que veio, e a talentosa Carrie Coon menos ainda.

O filme inclusive tenta construir um romance entre uma personagem de carne e osso e uma fantasma para explorar uma dinâmica de amor impossível entre mundos diferentes, mas nem para essa subtrama consegue sustentar de maneira satisfatória o desenvolvimento de um plot romântico. Enquanto tantos personagens desfilam na tela para tentar salvar o planeta, os roteiristas da vez, Jason Reitman e o também diretor do filme Gil Kenan, inflam o longa com cenas desnecessárias que cortam o ritmo da fita. O próprio clímax que decorre da libertação do fantasma do orbe e consequentemente a liberação de uma Era Glacial na cidade de Nova Iorque fica espremida no terço final da história sem uma sustentação apropriada.

A impressão que fica é que a Sony não confia na nova geração de Caça Fantasmas e precisa tirar a carta da manga da nostalgia de tempos em tempos para satisfazer os fãs da série que querem assistir Murray, Aykroyd e Hudson vestindo seus uniformes clássicos. O “fan service”, neste caso, é super bem vindo, porém as incursões do elenco antigo no roteiro acabam comprometendo o fio condutor da trama principal deste capítulo. É gente demais para uma duração de quase duas horas de projeção.

Agora se você é absolutamente fã dessa franquia e se arrepia toda vez que assiste aquele Ectomóvel (Ecto-1) percorrendo as ruas de Nova Iorque ao som do tema icônico do Ray Parker Jr, pode ser uma boa pedida de entretenimento inofensivo em um dia chuvoso. É desligar o cérebro e curtir uma aventura “sessão da tarde” sem grandes pretensões.

Marcello Azolino

Advogado brasiliense, cinéfilo e Profissional da indústria farmacêutica que habita São Paulo há 8 anos. Criou em 2021 a página @pilulasdecinema para dar voz ao crítico de cinema e escritor adormecido nele. Seus outros hobbies incluem viagens pelo mundo, escrever roteiros e curtir bandas dos anos 80 como Tears For fears, Duran Duran e Simply Red.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo