“Eu Sou: Celine Dion”: Doc é projeto corajoso e sensível sobre o tratamento da cantora para frear sua doença | 2024
Celine Marie Claudette Dion, a caçula da família Dion, a mais nova de 14 irmãos, nasceu e cresceu na pequena cidade de Carlemagne, em Québec, Canadá. Seus pais Therese e Adhemar Dion, sempre foram os seus grandes incentivadores e praticamente corriam atrás da sonho de revelá-la ao mundo. Foi inclusive no piano-bar dos pais, que Celine começou a cantar com apenas 5 anos de idade, e aos 12, já tinha uma de suas primeiras músicas compostas em francês, uma das línguas faladas no Canadá, ”Ce N’etait Qu’um Rêve”, em inglês, ”It was only a Dream”.
Na década de oitenta, apesar do sucesso em seu país, ela passou por um grande processo para tentar alçar vôos maiores. Os planos eram grandes e pra que ela se tornasse uma grande estrela, ela precisaria conquistar a América. Toda a repaginada, que passou por corte dos cabelos, roupas, e até o contorno dos dentes, além de fazer aulas de inglês, esteve o tempo todo sob os olhares atentos de Rene Angélil, que foi quem a descobriu e também se tornou o amor de sua vida. O resto da história todo mundo conhece: Celine viria a se tornar uma das cantoras mais celebradas de sua geração.
Em “Eu Sou: Celine Dion”, a renomada documentarista Irene Taylor traça uma perspectiva sensível e reveladora do maior desafio da vida da cantora, que enfrenta uma dura luta conta uma condição neurológica rara, a chamada síndrome da pessoa rígida (SPR), e, pela primeira vez, está abrindo sua intimidade para mostrar uma visão crua e sem maquiagens de sua rotina com a doença.
A luta para vencer dia a dia a doença para poder voltar aos palcos e ter uma vida sem dores é perseguida com unhas e dentes por Celine, que não pede em nenhum momento para que as câmeras sejam desligas. Desde o relacionamento com os filhos até as sessões com um fisioterapeuta esportivo, que vez por outra precisa medicá-la para o alívio das terríveis convulsões e dores que chegam sem avisar, nada escapa ao olhar atento de Taylor e o resultado é uma aposta ousada que nada esconde do expectador, expondo as fragilidades e inseguranças desse ícone da música pop.
Ainda que momentos de dor sejam expostos sem edições, o doc guarda alguns momentos hilários (como a reprodução da icônica cena de “Titanic” ao som de “My Heart Will Go On” no programa do James Corden), além dos shows marcantes, os recordes na carreira com milhares de discos vendidos e músicas em diversas trilhas sonoras no cinema. E ainda que o documentário seja sobre esse trágico destino que se abateu sobre a cantora, – já que a doença atinge duas a cada um milhão de pessoas -, existe um sentimento de esperança no ar, que revela que ela não se deixará abater, e que Celine continuará enfrentando a doença e se reinventando, como sempre fez em toda a sua carreira na música.
“Eu Sou: Celine Dion” acaba se tornando uma carta de amor aos fãs, de alguém que ama seu público e não tem medo de expor suas vulnerabilidades. O longa, que está disponível no Amazon Prime, incontestavelmente nos fará olhar pra dentro de nós mesmos e agradecer pela dádiva da saúde. Será impossível não nos arrependermos das vezes que reclamamos de coisas tão pequenas que um dia já vivemos, perto de alguns desafios como os que Celine tem enfrentado de uns anos pra cá. Saúde e muita coragem pra essa diva, que com esse projeto se aproxima ainda mais de seu público.