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“Crescendo Juntas”: Longa sobre amadurecimento encanta pela doçura e leveza | 2023

O sentimento de identificação exerce um apelo poderoso junto ao público. Embora não seja uma sensação obrigatória para a apreciação de uma obra, a proximidade com determinados eventos revela um caminho eficaz para despertar o interesse. Nesse contexto, o subgênero conhecido como coming-of-age surge como uma das vias mais diretas para alcançar esse fator, afinal, mesmo em realidades distintas, todos estão marcados de alguma forma por mudanças radicais durante a infância e adolescência. “Crescendo Juntas” emerge como um compêndio eficiente de tudo que até hoje funcionou nesse subgênero. Mesmo sem uma gota de originalidade, o longa habilmente utiliza clichês e cativa a atenção com uma doçura e leveza que ressoam como aquela velha receita de infância que nunca nos cansamos de repetir.

Na trama acompanhamos Margaret (Abby Ryder Fortson), uma jovem de 11 anos que se muda para uma nova cidade ao mesmo tempo que passa por mudanças pessoais típicas da idade. Ela conta com a mãe, Bárbara (Rachel McAdams), que oferece apoio amoroso, e com o carinho da avó, Sylvia (Kathy Bates), que está tentando encontrar a felicidade na próxima fase de sua vida.

Todos os filmes, sem exceção, apresentam pontos de vista, às vezes mais de um, e um aspecto a ser observado é a coerência do que é mostrado de acordo com a perspectiva adotada. No caso de “Crescendo Juntas”, fica evidente que estamos vendo o mundo pelos olhos de Margaret. Essa obviedade nos prepara para muitos aspectos do filme. Não espere uma visão complexa da vida ou reflexões filosóficas profundas. Trata-se de uma menina de 11 anos cheia de dúvidas, inseguranças e medo das transformações internas e externas. É uma fase difícil, mesmo se considerarmos que a vivência retratada é a de uma família de classe média, norte-americana, moradora do subúrbio. Os anos 70 estão presentes nas roupas, penteados, eletrodomésticos etc. Nada de guerra do Vietnam, Watergate, conflitos de classe, gênero e raça. A principal problemática está no amadurecimento de um grupo de jovens cujas preocupações estão voltadas ao corpo, o primeiro beijo e coisas do tipo. E não há demérito nenhum nisso, especialmente porque ele se mantém fiel a essa premissa.

Uma questão de viés religioso é colocada para consideração, conectando-se ao título original (“Are You There God? It’s Me, Margaret”), porém esse elemento serve como uma ponte para outros arcos narrativos, como a relação da protagonista com os avós, além de dar voz aos seus pensamentos através de orações e diálogos com Deus. Essa abordagem objetiva e direta nos guia por um mundo peculiar, mas ao mesmo tempo universal. O filme é leve, divertido e recompensador, proporcionando uma experiência para toda a família desfrutar sem moderação.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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