“Uma Sexta Feira Mais Louca Ainda”: sequência de sucesso dos anos 2000, comédia aumenta a dosagem de caos e acerta | 2025

Tão chiclete quanto as viagens no tempo na cultura pop, a temática ‘troca de corpos’ se tornou praticamente um subgênero da comédia. Possivelmente por conta dos inúmeros sucessos dentro do tema, vez por outra temos o retorno de produções do tipo. “Tal Pai, Tal Filho” (1987), “Eu Queria Ter a Sua Vida” (2011) , e o nosso “Se Eu Fosse Você” (2006), que inclusive ganhou um terceiro filme, anunciado há poucos dias, são alguns dos exemplos bem sucedidos que são a garantia que é possível que o gênero ainda seja muito explorado. Aliás, as sequências tardias e reboots tem cada vez mais ganhado espaço na indústria do audiovisual, seja pela ausência de criatividade para entregar novas histórias ou pela sede dessa mesma indústria em replicar sucessos do passado.
Após os acontecimentos da trama de 2003, a vida de Tess e Anna mudou de forma significativa. Anna (Lindsay Lohan) agora é mãe de Harper (Julia Butters) e se prepara para ser madrasta, enquanto Tess (Jamie Lee Curtis), agora avó, também está em um momento de grandes mudanças, às vésperas de lançar um livro. Entre tantas novidades, está a nova formação familiar: Anna está com um novo interesse amoroso, Eric (Manny Jacinto), que é pai de Sophia (Lily Davies), e como se não bastasse todos os conflitos de Harper e Sophia, duas adolescentes que não se toleram, Tess e Anna descobrem que, de algum modo, o raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. Uma nova crise de identidade se aproxima, e as duas terão que aprender mais uma vez a lidar com essa transformação, que chega de uma maneira inesperada e cheia de surpresas.
Sai Mark Waters, entra Nisha Ganatra (“A Batida Perfeita”, 2022), cineasta canadense que acerta em não mexer no time que um dia ganhou público e crítica. Os cortes rápidos, o ritmo acelerado e numa pegada bem pop, assim como a pop star vivida por Lohan, característica imprimida no primeiro filme, estão de volta com uma dose de humor e confusão ainda mais proeminente. Jamie Lee Curtis, a vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2023, está ainda mais radiante que no primeiro filme, e promove uma sequência hilária numa loja de discos. Os acréscimos ao elenco também funcionam bem, tanto para aumentar a dose do caos generalizado, quanto para propor novos debates sobre as questões familiares na qual o filme se insere.
A sequência tem um gosto especial pra Lohan, que se baseou em suas próprias experiências na maternidade para compor a nova Anna, mais madura, mas sem deixar de lado o frescor da juventude. Repleto de referências ao universo pop, o longa traz de volta sucessos do longa original em novas roupagens, além disso, a icônica canção “Take Me Away”, da banda fictícia “Pink Slip”, dá o ar da graça para acender a nostalgia de uma era que nos deu de presente grandes títulos dentro do gênero.
“Uma Sexta Feira Mais Louca Ainda” em meio a tanta confusão, ótimas sequências e duas atrizes com química explodindo em cena, ainda é capaz de nos fazer relembrar que se colocar no lugar do outro, ao menos uma vez na vida, pode trazer paz, reconciliação e empatia.