“Outro Pequeno Favor”: sequência de thriller com Blake Lively e Anna Kendrick investe em novos mistérios em belas locações italianas | 2025

Quando “Um Pequeno Favor” (2018) foi lançado nos cinemas, houve um leve burburinho tanto pelo fato da obra abraçar o gênero de thriller com pegada sexy, mas também pela interação irresistível da autoconfiante Emily Nelson (Blake Lively) e da desconcertante e cringe Stephanie (Anna Kendrick). A parceria entre as duas atrizes em cena gerou uma química pouco provável, mas gostosa de assistir. O texto afiado e humor rasteiro dos diálogos proferidos por Emily certamente eram um dos pontos altos do primeiro Longa. No entanto, é preciso reconhecer que o filme também apelava para resoluções absurdas e um desfecho constrangedor com direito a tiros e atropelamento.

Eis que a Prime Video decide apostar numa sequência e trazer o mesmo elenco principal de volta (com a exceção de Jean Smart) para despejá-la em seu catálogo de streaming como uma “Produção Original” de uma de suas afiliadas: a MGM. “Outro Pequeno Favor” (2025) é um daqueles casos de sequências que ninguém pediu e que sofre para sustentar um fiapo de roteiro que ora explora idas e vindas rocambolescas, ora cria diálogos penosos que soam como aqueles filmes feitos para TV de amantes psicopatas e assassinos de meia tigela.

Na trama, Stephanie se encontra colhendo um relativo sucesso de seu VLOG que mistura conteúdos gastronômicos e crimes chocantes, em que ela banca a detetive (?). Durante o lançamento de seu mais novo livro sobre sua relação tumultuada com Emily Nelson, a própria faz uma aparição surpresa e informa a todos que está em liberdade condicional e que vai se casar com sua paixão da juventude, o mafioso italiano, Dante Versano, interpretado pelo inexpressivo Michele Morrone. Para adicionar ainda mais pitadas de inverossimilhança, Emily convida Stephanie para ser sua madrinha de casamento na ilha de Capri. Eis que, a bordo de um avião particular, Stephanie embarca nesta missão para tentar não só alavancar as vendas mornas do seu livro, mas também seguir o seu faro de detetive e produzir mais conteúdos intrigantes para seu VLOG. O filme parece apostar que a personagem toparia tal experiência apenas pelo fato de estar em Capri e por gostar de flertar com o perigo.

Com paisagens de tirar o fôlego da região italiana da Campania, o Longa tenta mais uma vez apostar nos figurinos estilizados utilizados por Lively ao longo da narrativa, fruto do trabalho da figurinista Renee Ehrlich Kalfus que também vestiu o elenco no filme original. Enquanto isso, o roteiro preguiçoso vai frustrando o público à medida que avança e revela um componente bombástico do passado de Emily. Entram em cena também no casamento, a mãe desconectada de Emily, Margaret (Elizabeth Perkins), e sua tia misteriosa, Linda (Allison Janney). Tanto Janney como Perkins entregam as interpretações mais canastronas do elenco, o que é uma pena, já que ambas são atrizes talentosas e que parecem carecer de uma direção de atores adequada por parte do diretor Paul Feig. Outro que falha consideravelmente com sua atuação fora de tom é o ator Henry Golding, que reprisa o papel de ex-marido de Emily, aqui reduzido a um personagem constantemente alcoólatra e amargurado.

O filme teve sua première no Festival South by Southwest® (SXSW), em março deste ano, e chegou agora no catálogo do Prime Video em meio a uma enxurrada de polêmicas envolvendo Blake Lively e seus conflitos públicos com o diretor e co-star de “É Assim Que Acaba” (2024) Justin Baldoni. Resta saber se a presença de Lively neste filme vai gerar mais buzz e curiosidade do público ou mais ondas de cancelamento dirigidos a ela. A julgar pela qualidade desta sequência, poderíamos muito bem ter parado no filme original sem que houvesse necessidade de revisitar essa história ou aceitar novos favores…