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“Othelo, O Grande”: Documentário celebra a jornada do mais icônico multiartista brasileiro | 2024

Convencionalmente, associamos o documentário a um conteúdo predominantemente informativo, muitas vezes com características jornalísticas. Contudo, essa percepção é limitada. O documentário, assim como outros formatos cinematográficos, é vasto em possibilidades, podendo transcender a simples transmissão de informações para alcançar níveis de contemplação artística. Assim é “Othelo, O Grande”, dirigido por Lucas H. Rossi. Com imagens que se desenrolam de forma sequencial, acompanhadas apenas pelo relato pessoal do artista, o filme cria uma experiência íntima e envolvente. No entanto, em alguns momentos, essa abordagem pode parecer um pouco dispersa.

O projeto evita sensacionalismos ao tratar da vida pessoal de Otelo de forma secundária, concentrando-se principalmente em sua trajetória artística. Não há espaço para depoimentos de amigos ou especialistas; trata-se de um documentário inteiramente pessoal. Ele por ele mesmo. Mas se por um lado o projeto demonstra ambição ao compor uma narrativa complexa a partir de imagens e palavras retiradas de arquivos, por outro, essa mesma ambição revela-se seu calcanhar de Aquiles. Com apenas 82 minutos, o documentário tenta condensar a vasta e rica trajetória do multiartista mais relevante da história brasileira, o que compromete a profundidade da obra. Ao final, fica claro que ele foi grande, mas para os leigos, permanecem lacunas sobre como essa grandiosidade se manifestou.

Breves passagens tentam abarcar, sem êxito, momentos que demandam uma exploração mais cuidadosa. Oscarito, seu parceiro mais frequente nas telas, é citado superficialmente uma vez apenas, quase relegado a uma nota de rodapé. Da mesma forma, Orson Welles, um ícone do cinema hollywoodiano, tem seu impacto e relevância abordados de maneira igualmente superficial.

Embora falte densidade, sobra poesia. A vida e obra de Grande Otelo encapsulam a essência do cinema nacional. Sua vasta filmografia, com mais de 100 filmes, abrange desde as populares chanchadas até produções de linguagem mais complexa e intensa carga dramática. Filmes como “Moleque Tião” (1943), “Rio, Zona Norte” (1957) e “Macunaíma” (1969) estão entre os mais marcantes. Além do cinema, Grande Otelo também fez história no teatro e na televisão, ampliando ainda mais sua influência na cultura brasileira. Um verdadeiro patrimônio nacional, com um legado inestimável, que merece toda a nossa reverência.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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