“Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra”: Apropriando-se da imagem icônica do rato mais famoso do mundo, longa ultrapassa todos os limites do mau gosto | 2024
Lançado em 1928, o curta-metragem “Steamboat Willie” marcou a estreia de Mickey Mouse e é amplamente reconhecido como um marco na história da animação. Ao longo dos anos, a Disney repaginou o personagem, mas essa versão original dos anos 20 entrou em domínio público no início de 2024, tornando o uso da imagem acessível para todos. Porém, nem o mais ferrenho inimigo de Walt Disney poderia conceber um uso tão deplorável da imagem do icônico rato quanto o que é apresentado em “Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra”. Um projeto completamente desprovido de virtudes, incapaz de oferecer qualquer mérito artístico ou valor de qualquer natureza.
Na trama, acompanhamos Alex (Sophie McIntosh), uma jovem que trabalha no turno da noite em um gigantesco salão de jogos eletrônicos. Com seu aniversário de 21 anos se aproximando, seus amigos, determinados a surpreendê-la, chegam ao local com a intenção de transformar a noite em uma celebração memorável. No entanto, o que deveria ser uma noite de alegria rapidamente se torna um pesadelo quando um assassino mascarado, trajando uma fantasia inspirada no personagem Mickey Mouse, surge e começa a “brincar” com suas vítimas em um jogo mortal.
Dirigido por Jamie Bailey, “Mouse Trap” transborda amadorismo desde o primeiro minuto. O filme começa com uma sequência em que dois policiais interrogam uma jovem, suposta sobrevivente de um massacre, e é por meio do relato dela que somos transportados ao passado para acompanhar os eventos que levaram ao trágico desfecho. Contudo, entre idas e vindas da narrativa, essa dinâmica entre vítima e polícia não busca construir um mistério, mas sim verbalizar, de forma didática, aquilo que o filme falha em demonstrar visualmente. Não há qualquer escolha criativa que comunique uma verdadeira expressividade cinematográfica; o que se vê em cena é, basicamente, um roteiro filmado, sem qualquer elaboração visual que lhe dê vida. Quando, por exemplo, a faca usada para cortar o bolo desaparece, não é um enquadramento que nos faz perceber a ausência — ao contrário, um personagem prontamente pergunta: “Cadê a faca que estava aqui?”
Os atores não são dos melhores, mas talvez sejam tão vítimas quanto os próprios personagens que interpretam. Com um material escasso para desenvolver, eles se esforçam em vão diante de uma produção pobre em ideias e desprovida de qualquer traço de criatividade. Para você, fã de terror que considerou “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” o cúmulo do absurdo, prepare-se, pois “Mouse Trap” faz ele parecer uma verdadeira obra-prima.