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“Kung Fu Panda 4” Optando pela simplificação, filme se arrisca para evoluir Po em jornada de mentoria 2024

Cadê o scadush?

“Todo passo deixa uma pegada”, diz o próprio “Kung Fu Panda 4” em um de seus tantos momentos promissores. É curioso observar como a franquia pode se resumir a essa única frase se considerarmos as marcas que os passos dados pelos filmes anteriores deixaram na cultura popular – especialmente no público infantojuvenil – se compararmos com o novo capítulo da saga de Po. O legado da primeira trilogia, tão bem fechada em si mesma, parece, no entanto, ter se violado aqui ao reintegrar o que alguns consideram “sagrado” nos filmes anteriores.

Promovendo um revisionismo ao já estabelecido fim de alguns personagens, o quarto filme se arrisca consideravelmente ao ousar tocar em alguns arcos “intocáveis” para engrandecer a nova ameaça e, com isso, acaba perdendo sua parcial originalidade justamente por se apoiar no resgate a esses assuntos já encerrados. É como se o novo capítulo quisesse deixar sua própria pegada, mas pisasse onde já foi pisado.

Por outro lado, é louvável a ousadia de arriscar uma jornada diferente para Po. O caráter contemplativo da franquia é deixado de lado em prol de uma narrativa nova, o que faz o filme abdicar dos tradicionais simbolismos e momentos introspectivos (aqueles onde o personagem precisa superar a si mesmo ou a um trauma) para dar lugar a uma dinâmica de mentoria. É um caminho criativo diferente, que se justifica quando observado o mérito de não entregar mais do mesmo. O problema é que o mesmo era muito bom.

Saem os traumas pessoais de Po e entram os percalços sociais de uma grande cidade onde os bandidos são sindicalizados e crianças almejam a violência. A vilã A Camaleoa, com voz original de Viola Davis e dublagem brasileira de Taís Araújo, é uma leitura interessante para debater imagem e essência (já que ela pode se parecer com qualquer um mas não pode ser tão boa se não roubar o conhecimento do copiado), mas é subaproveitada em prol justamente dessa via de simplificação que foi adotada agora.

A grande questão aqui é que os meios usados para se chegar a alguns fins entram em conflito com algumas ritualísticas já ponderadas anteriormente, e dá uma ideia de simplicidade que destoa dos demais capítulos. Isso faz parecer que o filme por vezes é avulso à própria mitologia, mesmo tendo elementos que acenem em apelos de nostalgia quase gratuita. Ainda assim, me diverti e comprei a ideia. Me emocionei, claro, e dei algumas boas risadas, mas há de se convir que o saldo final se mostra bastante aquém dos filmes anteriores. A pegada, dessa vez, foi mais rasa.

Vinícius Martins

Cinéfilo, colecionador, leitor, escritor, futuro diretor de cinema, chocólatra, fã de literatura inglesa, viciado em trilhas sonoras e defensor assíduo de que foi Han Solo quem atirou primeiro.

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