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“Imaginário – Brinquedo Diabólico”: Entre o horror e a fantasia, longa aposta em sustos telegrafados e reviravoltas mirabolantes | 2024

O gênero do terror é notavelmente abrangente. Por um lado, ele mergulha profundamente em nossos medos mais mundanos, suscitando emoções intensas através de elementos que ressoam diretamente conosco. Por outro lado, há uma faceta menos óbvia, que se vale do contraste. Essa abordagem utiliza elementos aparentemente inocentes ou puros, como crianças e brinquedos, para criar uma atmosfera sinistra. Um dos exemplos mais proeminentes é a franquia “Brinquedo Assassino”.

Embora hoje essa franquia flerte com a sátira e o humor politicamente incorreto, é inegável que a série de filmes aterrorizou a infância de toda uma geração, solidificando “Chucky” como o principal ícone desse tipo. Outros filmes seguiram seu legado, como “Annabelle” e “Megan”, entretanto, em todos esses casos a imagem do brinquedo evoca um aspecto demoníaco Já em “Imaginário”, o brinquedo da vez é “Chauncey”, um ursinho de pelúcia com uma aparência completamente comum, sem cicatrizes ou feições ameaçadoras. É justamente através dessa imagem doce que os maiores pesadelos de uma família se originam. No entanto, infelizmente, este é o único lampejo de originalidade nesta trama, que, de resto, segue uma linha tão convencional quanto inofensiva.

Na trama, acompanhamos Jessica (DeWanda Wise), uma mulher assombrada pelo passado, que retorna à casa de sua infância junto com a enteada mais nova, Alice (Pyper Braun). Quando Alice encontra um urso de pelúcia chamado Chauncey, o comportamento da criança começa a se tornar cada vez mais perturbador. Jessica logo percebe que Chauncey é muito mais do que um simples brinquedo, desencadeando uma série de eventos aterrorizantes que desafiam a sua compreensão da realidade.

Muitas vezes no cinema de gênero surge uma divisão entre aqueles que exploram o aspecto psicológico e os que preferem uma abordagem mais frontal. Embora seja possível mesclar ambos, há o risco de não alcançar nenhum dos objetivos. “Imaginário – Brinquedo Diabólico enfrenta desafios nesse sentido. O uso das sombras, uma ferramenta crucial em produções de baixo orçamento, é subutilizado, resultando em um confronto direto e excessivo com a figura do monstro, negligenciando o elemento do desconhecido, o que é paradoxal para um filme intitulado “Imaginário”. Essa lacuna é agravada pelo uso de efeitos digitais de qualidade duvidosa, que não apenas destroem a imersão, mas também minam a capacidade de criar uma atmosfera genuinamente aterrorizante.

Isso posto, resta o mistério. Um segredo guardado a sete chaves que, ao ser revelado, faz com que o filme recue ainda mais do território do horror, transformando a experiência em uma jornada mais voltada para a fantasia. A construção desse novo mundo guarda uma semelhança com “Labirinto”, o clássico oitentista estrelado por Jennifer Connelly e David Bowie. No entanto, enquanto Bowie e sua equipe conseguiram construir um universo fantástico que se perpetuou na história, “Imaginário – Brinquedo Diabólico ” mal arranha a superfície e, muito provavelmente está destinado ao esquecimento.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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