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Festival do Rio 2024: “Eat The Night”, de Caroline Poggi e Jonathan Vinel | 2024

Ainda sem título em português, “Eat The Night”, que passou pela Quinzena dos Realizadores em Cannes esse ano e está entre a seleção do Festival do Rio é  um thriller com toques de fantasia, mas que traz a dura realidade do tráfico e os conflitos entre gangues nos subúrbios de Paris. Mas o que poderia se tornar uma história de violência e famílias desajustadas, ganha contornos muito interessantes nas mãos dos cineastas Caroline Poggi e Jonathan Vinel.

Na trama vamos conhecer Pablo (Théo Cholbi) e sua irmã Appoline (Lila Gueneau). Os dois irmãos possuem um laço  muito forte,  mas estranhamente construído a partir de um  jogo online chamado Darknoon. Em um de seus rolês para vender seus comprimidos sintéticos,  Pablo conhece Night (Erwan Kepoa Falé)  e o interesse  por aquele rapaz misterioso,  o leva a se afastar da irmã, que por sua vez começa a criar novas conexões no jogo.  O grande problema em se apoiar no jogo é que, como tudo,  ele está prestes a acabar, como anunciado pela empresa que o criou.  Appoline sofre não só com o fim do jogo que se aproxima, mas também com as escolhas imprudentes de Pablo, que àquela altura despertam a ira de uma gangue perigosa, trazendo consequências devastadoras para todos.

“Eat The Night” poderia ser resumido como um conto gay, mas a inserção do universo dos gamers e tudo que resulta desse mundo leva o longa da dupla francesa de jovens diretores para um patamar diferenciado, para um debate arrojado e cheio de cor sobre solidão e o quanto a tecnologia tem nos afastado uns dos outros.  Night na trama, paradoxalmente entra como a luz na escuridão, fazendo Pablo enxergar além e descobrir vida além das telas de um computador.

Ao lançar mão dessa premissa, entra aí a criatividade da dupla, que traz o formato para a montagem do longa , muito interessante por sinal, e constrói uma história paralela, com o visual de um jogo desses de Inteligência Artificial, mas ao mesmo tempo com certo lirismo. “Eat The Night” tem lirismo e até altas doses de melancolia, mas deixa claro que toda a sua construção parte dos efeitos que a solidão e o abandono causa no outro, gerando uma cadeia de violência que atinge todos ao redor. Ao final da sessão, fica um sentimento ambíguo, deixa um gosto agridoce na boca, mas é certo que fica a sensação de que presenciamos um trabalho único e que pode ressoar até muito tempo depois do subir dos créditos.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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