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“Letícia”: Através de um relacionamento conturbado, longa aborda sério distúrbio psicológico | 2024

“Letícia” tem uma premissa muito boa, mas os adjetivos para esse longa infelizmente param por aqui. Gustavo é um homem de origem simples que se tornou muito bem-sucedido como publicitário de políticos em Brasília; ele é o que se pode chamar de bon vivant: mora num belo apartamento, veste roupas muito elegantes, frequenta lugares sofisticados e cada dia está com uma mulher diferente. Um dia Gustavo conhece Letícia num bar, ela conta um pouco sobre sua vida, mas segue com uma aura de mistério. Ela some do mapa e ele fica obcecado até encontrá-la, um romance começa, e parece que o relacionamento será perfeito; porém o comportamento suspeito de Letícia, somado ao seu passado misterioso e dados desconexos trazem à tona muita desconfiança e instabilidade pro casal.

A direção de Cristiano Vieira não soube conduzir uma simples história de romance problemático; não houve foco em nenhuma das narrativas propostas: nem na relação doentia dos protagonistas, nem no transtorno de Letícia, no problema do casal de coadjuvantes ou na fuga de Gustavo da mãe controladora.

A edição de “Letícia” é desleixada, não dá sequência às subtramas dos coadjuvantes, que são jogadas e nunca resolvidas; o drama do casal protagonista foi picotado e jogado no meio da trama em cenas sem qualquer nexo, como a que Gustavo, do nada, vai pra escada do escritório transar com uma funcionária. O elenco tem atuações que não empolgam: Bernardo Felinto vive Gustavo de forma que sua personalidade fica indefinida e numa zona nebulosa. Sophia Abrahão, de quem eu gosto bastante, não teve seu talento bem explorado na protagonista Letícia: seja indiferente, fria ou emocionada, ela não muda a expressão fácil, o que torna a personagem insossa ao invés de soar problemática.

O ponto positivo da trama é a questão da mitomania ser apresentada ao público, que muita gente sabe que existe mas desconhece se tratar de um desvio. Mitomania é o transtorno psicológico que faz o portador mentir compulsivamente, ele sente prazer em mentir e em inventar fatos que nunca aconteceram. Essa desordem pode acabar com relacionamentos, com a carreira e principalmente com a credibilidade do mentiroso. Apesar de se tratar de um grave problema, ele é abordado de forma superficial, sendo apenas explicado em uma breve sequência da protagonista, sem nenhuma solução ou tratamento apresentados; diria que em certo momento a mitomania é até aceita levianamente, uma pena.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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