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“Às Vezes Quero Sumir”: Longa aborda os importantes temas da reclusão e dificuldade de conexão social | 2024

Contrastando com a hiper exposição e até com o hábito de mostrar o quotidiano e se exibir nas redes sociais, o isolamento social e o suicídio causados pela depressão são assuntos delicados que devem ser encarados e discutidos mais amplamente, porém, na maioria das vezes, são negligenciados por puro preconceito ou falta de conhecimento.

Baseado numa peça de teatro, o longa “Às Vezes Quero Sumir” trata da dificuldade extrema de se relacionar em sociedade num nível mínimo, que é com os colegas de trabalho. Na trama conhecemos Fran, ela trabalha com planilhas num escritório e não interage com ninguém; ela chega, senta, trabalha, vai embora e não troca uma palavra. Chega em sua casa, coloca uma comida sem graça no microondas, come, dorme cedo e tudo se repete num quotidiano pacato. Fran foge de toda e qualquer emoção… dentro de sua bolha, ela não vive, ela sobrevive tristemente.

A protagonista do longa é depressiva e solitária, não esboça um sorriso e vive afundada em pensamentos mórbidos e autodestrutivos: seu maior passatempo é imaginar como seria sua morte, seu corpo à mercê das moscas abandonado numa floresta ou numa praia isolada. E essa rotina parece satisfatória para ela, numa zona de conforto sombria e bem estranha para quem assiste. Um dia um funcionário novo começa a trabalhar na empresa, o Robert (Dave Merheje), ele se interessa por Fran, eles começam a conversar on-line, saem, e daí um romance improvável começa.

A diretora Rachel Lambert foi competente ao mergulhar na mente complexa de Fran e nos demônios internos que ela tem que enfrentar quando começa a se envolver com Robert, pois ela é compelida a interagir e sair do seu mundinho melancólico, e isso vai lhe deixando cada vez mais ansiosa e aflita por não saber como se comportar. As cenas em que Fran imagina sua morte são tristes mas muito bonitas visualmente, parecem uma tela com belas paisagens com seu corpo languidamente encaixado entre árvores ou na relva. A atriz Daisy Ridley ( a Rey em “Star Wars: O Despertar da Força”) vive Fran de forma sóbria como pede o papel, ela tem poucas falas e transmite sua tristeza através de pequenos gestos, tiques e olhares profundos.

O ritmo da narrativa é lentíssimo, o que tira boa parte do já pouco humor que existe em alguns momentos, tornando o filme um sonífero potente para quem assiste, a menos que você também mergulhe na depressão profunda da protagonista e tente entendê-la. Dito isso, me peguei numa reflexão: se esse é um filme sobre isolamento social e sobre uma moça obcecada pela própria morte, seria impossível que a trama fosse ágil, alegre ou cativante. Daí que “Às Vezes Quero Sumir” talvez fique restrito a um nicho pequeno de pessoas que gostam de dramas difíceis e bem subjetivos.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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