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“Uma Mulher Sem Filtro”: dramédia com Fabíola Nascimento discute machismo estrutural com ironia e bom humor | 2025

E se do dia para a noite todas as verdades que um dia você teve vontade de falar com seu melhor amigo, com sua família ou mesmo com seu chefe, mas não teve coragem pelo simples fato de manter uma boa convivência simplesmente não pudessem ser mais contidas?  A sinceridade é sempre o melhor caminho? Usando esse mote o diretor Arthur Fontes trabalha temas que circundam o universo feminino em “Uma Mulher Sem Filtro”, uma comédia com traços dramáticos estrelada pela sempre ótima Fabiula Nascimento.

Na trama conheceremos Bia (Fabiula) , uma publicitária que vive uma vida estressante, cercada por problemas: um chefe machista (Caito Mainier), um marido artista e um tanto  folgado (Emílio Dantas), um enteado inconveniente (Enzo Campeão), uma melhor amiga narcisista (Patrícia Ramos) e uma irmã (Júlia Rabello) muito dependente e diferente dela. Não bastasse isso tudo, Paloma (Camila Queiroz), uma influenciadora digital, acaba  entrando na Revista onde Bia trabalha e assume a posição de CEO que a mulher tanto almejava há anos. Prestes a perder a cabeça, Bia resolve seguir o conselho da blogueira e marcar uma sessão esotérica com uma figura espiritual chamada Deusa Xana (Polly Marinho).

Ao sair da consulta, Bia passa a levar a vida com total sinceridade, perdendo completamente os filtros e se dispondo a falar tudo que pensa sem medir as consequências. O tal tratamento a faz perder o medo de se expressar, passando a colocar em pratica a tolerância zero para os absurdos e situações inapropriadas por quais ela passa todos os dias.

Arthur Fontes lança mão de temas desafiadores, que se tornaram tabus e que castram a discurso feminino, o livre arbítrio da mulher assim como sua liberdade de expressão,  usando por exemplo, o período menstrual como desculpa pelo simples fato de um posicionamento mais firme diante de questões diárias, sejam de âmbito profissional ou mesmo em suas relações. A inserção da figura da Deusa Xana (que por si só já traz uma alegoria bem humorada), aqui felizmente é usada sem excessos e acaba conferindo uma comicidade que dialoga bem com o drama intrínseco na temática.

“Uma Mulher Sem Filtro” é um dos felizes exemplos que confirmam que é perfeitamente possível tratar com humor temas sérios sem soar ofensivo ou sem lugar. Fabiula Nascimento, com toda sua experiência, encara com graça a missão de dar voz a muitas mulheres que todos os dias precisam se reafirmar diante de uma sociedade machista, que tenta descredibilizar uma mulher toda vez que essa mesma mulher reafirma sua independência, sobretudo aquelas que não atrelam sua felicidade e realização pessoal a um relacionamento.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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