“Tudo em Família”: Longa repleto de estrelas tem romance e sátira a celebridades | 2024
A premissa de “Tudo em Família”, nova aposta da Netflix no gênero comédia romântica, de original não tem nada: celebridade se apaixona por mulher madura e esse romance vira a vida de todos os personagens de pernas pro ar. Esse enredo também foi explorado recentemente em “Uma Ideia de Você” mas, apesar de ser um clichê, é bem atrativo, sobretudo quando protagonizado por nomes de peso da indústria cinematográfica.
Zara Ford é uma jovem que sonha em ser produtora em Hollywood, e para chegar lá ela trabalha de assistente pessoal, na verdade quase uma escrava faz-tudo, do astro de cinema Chris Cole, um galã que faz sucesso como herói de uma franquia, que é cheio de excentricidades e super mulherengo. Brooke Harwood, mãe de Zara, é uma escritora de sucesso que ficou estagnada na carreira e na vida pessoal depois da viuvez. A bagunça toda começa quando, numa dessas sequências improváveis que só acontecem na ficção, Brooke e Chris se conhecem e se apaixonam, e esse romance vai colocar em cheque as relações profissionais e familiares desse triângulo.
A trama desperdiça o talento das estrelas presentes no elenco, – todos bem em seus respectivos papéis -, porém o roteiro carece de mais emoção, além de não desenvolver a contento o perfil dos personagens, todos com boas histórias. Nicole Kidman vive Brooke com a competência de sempre, uma mulher linda e bem sucedida que esqueceu do seu potencial mas que se percebe viva novamente ao se apaixonar por Chris – um casal lindo e inusitado que nos deixa grudados na tela. Zac Efron está bem como Chris, uma caricatura sutil do super astro com fama mundial que brinca com a própria carreira e imagem do ator, gato sarado de olhos azuis que arrasa corações e sabe usufruir da vida glamurosa. Kathy Bates é Leila Ford, a personagem mais simpática, a sogra e também editora de Brooke, uma pessoa de alma livre e leve. E por fim Joey King (estrela de “A Barraca do Beijo”) como Zara, uma jovem determinada mas igualmente autocentrada, uma garota mimada que muitas vezes irrita a todos que convivem com ela.
O longa é dirigido por Richard LaGravenese (de “P.S. : Eu Te Amo”), que acertou na cadência dinâmica da narrativa; porém errou em girar a trama em torno do drama vazio de Zara, que torna a vida de todos um inferno por não aceitar o romance da mãe com o chefe e é uma personagem que não provoca empatia. A sátira ao modo de vida cheio de extravagâncias das celebridades é suave: a moda de entrar na banheira de gelo, o fato de não poderem frequentar lugares públicos como um supermercado, o veganismo e a presença de um assistente pra fazer absolutamente tudo rendem boas risadas. As excentricidades pra quem tem rios de dinheiro para gastar são muitas e curiosas, e poderiam render mais piadas escrachadas de matar o espectador de rir.
Se “Tudo em Família” vai cair na prateleira das comédias românticas esquecíveis, só o tempo dirá. Enquanto isso, assista e divirta-se. O grande elenco, os risos e a produção caprichada compensam o play.