“Todo Tempo que Temos”: Andrew Garfield e Florence Pugh emocionam em drama de cortar o coração | 2024
“Todo Tempo que Temos” é um daqueles filmes em que você escuta choros e soluços no cinema à medida que avança em ss” ua narrativa que tem pouco mais de 100 minutos. Assim como filmes como “Um dia” (2011), “Todo Tempo que Temos” constrói um mosaico de vários momentos da vida de um casal: Tobias (Andrew Garfield) e Almut (Florence Pugh). Ele trabalha como representante em uma empresa que produz o cereal Weetabix, e ela é uma chef de cozinha que desistiu da carreira de patinação no gelo. O caminho de ambos se cruza quando ela o atropela acidentalmente enquanto ironicamente ele ia comprar uma caneta para assinar os papéis do divórcio. Ela presta socorro, o leva para o hospital e uma química surge na tela. Embora a trama possa parecer melosa e compor um drama daqueles, o longa se beneficia das performances sempre notáveis de Pugh e Garfield, que mesmo enfrentando as situações difíceis de seus personagens conseguem sensibilizar o público e garantir uma sintonia muito própria dos dois atores.
Dirigido por John Crowley, que já havia se destacado por “Brooklyn” (2015), o filme propõe uma jornada emocional desse casal que, apesar de ser submetido a uma grande provação de saúde pelo roteiro, consegue manter a essência e emocionar sem ser piegas. Não me recordo recentemente de ter assistido a um filme que mergulhasse tanto na montanha-russa emocional de receber um diagnóstico de câncer como esse. Desde o impacto do diagnóstico, a angústia do tratamento, a queda de cabelo, o apoio tão necessário do cuidador nas consultas médicas até a cumplicidade idealizada de um casal que passa por uma situação dessas…Tudo aqui é conduzido de forma extremamente sensível e madura.
Quando questionado em uma entrevista se o filme poderia ser categorizado como uma comédia romântica, Crowley respondeu que “absolutamente não, já que o filme não se enquadra nos parâmetros de comédia romântica e é muito desordenado, assim como a realidade da vida”. De fato, o longa vai e volta em diversos momentos do casal, cruzando uma fronteira muitas vezes desafiadora de acompanhar temporalmente, já que passado, presente e futuro se misturam na história. Mas graças a uma edição e montagem eficientes, o público pode se conectar com o casal e seus altos e baixos sem se entediar com a historia.
Em linhas gerais, “Todo Tempo que Temos”, que também carrega o selo da A24, estúdio conhecido por ostentar projetos pouco convencionais, investe em um romance corajoso que sabe abordar temas espinhosos, usando um realismo muito bem-vindo no cinema mainstream. O olhar de ternura do personagem de Garfield somado ao carisma sempre presente nos trabalhos de Pugh conferem uma equação que dá muito certo na tela.