“Shirley Para Presidente”: Cinebio narra trajetória de empoderamento feminino e luta contra o racismo | 2024
Em 1968 o Congresso Americano era formado em sua maioria esmagadora por homens brancos. O feminismo e a luta pela igualdade racial e pelos direitos civis ainda engatinhava. Dentro dessa conjuntura hostil e nada favorável, eis que, a professora, política e autora Shirley Chisholm é eleita a primeira congressista negra da história americana e, em 1972, lança sua candidatura pelo Partido Democrata ao cargo máximo do país, a presidência dos EUA. Essa história linda de ousadia e empoderamento é contada no longa da Netflix “Shirley para Presidente”.
John Ridley ( que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro por “12 Anos de Escravidão”), dirige e assina o roteiro de “Shirley para Presidente”. A narrativa já começa com a Shirley congressista, sofrendo preconceito e ouvindo ironias dos homens brancos republicanos, que achavam que seu comportamento preconceituoso era normal, pois era estrutural e até aceitável na maioria dos lugares.
A trama foca na campanha de Shirley para Presidência, na incredulidade que dominou a todos com sua decisão, a parte burocrática, os obstáculos sempre maiores que os enfrentados pelos demais candidatos, a parte financeira sem a qual uma campanha não pode ser feita, os debates cheios de conteúdo e a relação conturbada com a mídia. Shirley teve perdas e ganhos por ser essa mulher à frente do seu tempo: ganhou o respeito de muitos e gravou seu nome na história, abrindo o caminho para que outras mulheres negras entrassem pra vida política; porém teve seu casamento desgastado pela falta de compreensão do marido com sua posição importante na sociedade.
Regina King, vencedora de 4 prêmios Emmy e de um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Se a Rua Beale Falasse”, vive a congressista com brilhantismo. Shirley é uma mulher inabalável e forte em seus valores, ela transpira serenidade até mesmo quando todos lhe dizem o quanto sua meta de ser Presidente é absurda; ela responde aos ataques machistas e racistas com inteligência e sagacidade, contornando os mil percalços que vão surgindo pelo caminho com elegância. Estamos diante de uma mulher memorável, que desafia os limites e por isso inspira a todos.
O filme tinha mais potencial, porém não e aprofunda nas questões como o racismo e o machismo, o que faz com o que o drama seja muito linear e pouco envolvente. “Shirley para Presidente” deixa a desejar nos detalhes biográficos da protagonista, porém celebra com competência esse período da vida dessa mulher magnífica, pioneira na política, não só americana mas mundial, e traz sua figura importantíssima à luz para os que a desconheciam.