“Pássaro Branco – Uma História Extraordinário”: Spin-Off de “Extraordinário” mantém discurso altruísta com trama que se passa durante o domínio Nazista | 2024
O mundo real tem seus limites, o da imaginação não
“Pássaro Branco – Uma História Extraordinário” é só a segunda obra literária da americana R. J. Palácio a ganhar adaptação para as telas. E é bem provável que mais adaptações escritas pela autora ganhem suas versões cinematográficas. Assim como “Extraordinário”, estrelado por Julia Roberts e o então fenômeno Jacob Trembley revelado anos antes em “O Quarto de Jack” , o novo filme também chega com boa recepção da crítica e do público, mas com uma campanha de marketing muito aquém do primeiro projeto, que chegou aos cinemas em 2017.
Na trama que se passa logo após os acontecimentos de “Extraordinário”, Julian Albans (Bryce Gheisar), que fazia bullying com Auggie, deixou a escola Beecher Prep de uma vez por todas. Agora, ainda se adaptando à nova escola, o menino recebe a visita de sua avó Sara Albans (Helen Mirren). De volta de Paris, a senhora se abre sobre seu passado. Em plena Segunda Guerra Mundial, a avó conta uma história de quando ainda era menina, da mesma idade que seu neto tem agora. Ela, judia, fala de suas dificuldades em uma Alemanha ocupada pelo nazismo e como sobreviveu ao holocausto quando um aluno, Julien Beaumier (Orlando Schwerdt), que não conhecia direito, arriscou tudo para dar a ela e seus pais a chance de sobreviver da guerra e se livrar da perseguição dos guardas da SS.
Esse tocante exemplo de compaixão e coragem contada por sua avó acabará por transformar o rapaz. Fica nítida então a mensagem proposta desde o primeiro filme que deve ser a mensagem central da obra: ser gentil. A gentileza é uma palavra recorrente na produção e aparece mesmo nos momentos mais desafiadores. “Pássaro Branco: Uma História Extraordinário” se torna atraente muito mais pela mensagem que paira sobre a trama do que pela forma como a direção conduz os acontecimentos. A produção, muito bem cuidada por sinal, tem grandes performances, não só das veteranas como Hellen Mirren e Gillian Anderson, como também do elenco jovem, e é o carisma desse elenco afinado que acaba segurando a nossa atenção.
O roteiro detém traços clássicos de empreitadas que retratam esse momento tenebroso da história, como a menina judia que é escondida por uma família local, o bullying na escola, a paixão adolescente, e até o ataque da cultura pelo fascismo, quando, de tela panfletária do nazismo, um cinema exibe escondido, através de Julien (que atacava de projecionista nas horas vagas), passa a exibir títulos de Hollywood. Ainda que existam belas sequências e muito lirismo, “Pássaro Branco” sofre com um ritmo sem cadência, se prendendo a cenas desnecessárias, reduzindo em muito a tensão em torno da caçada aos judeus. Contudo, o longa do veterano Marc Foster (“Um Busca da Terra do Nunca” – 2004) mostra que ser experimentado em sua arte pode fazer a diferença entre o regular e o bom, e esse é um projeto que consegue driblar os problemas pela experiência de seu regente.