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“Orion e o Escuro”: Animação aborda de forma lúdica os medos que nos trancafiam em gaiolas | 2024

Medos são sentimentos que servem para nos proteger do perigo, porém, se extrapolam essa função, viram gaiolas mentais que empacam nossas vidas. Mentais, e não necessariamente reais e palpáveis, a grande maioria é criada por nossos traumas e neuroses para atrapalhar nossa evolução. Baseada no livro infantil homônimo de Emma Yarlett, a animação “Orion e o Escuro” trata dos medos de forma muito criativa, e é praticamente uma sessão de terapia em forma de desenho.

Na trama conhecemos Orion, um garotinho de oito anos que tem medo de tudo: abelhas, cachorros, de ter amigos, medo de falar com a crush, medo de chegar em casa e seus pais terem mudado, pavor de tudo mais que o rodeia; mas o seu medo supremo é o escuro. Orion tem obsessão por criar historinhas com as consequências dessas fobias, e isso vira uma bola de neve que o torna invisível pro mundo. Certa noite, num dos seus ataques de medo, ele tem que encarar o próprio, o Sr Escuro, que só quer fazer seu trabalho, e para isso o convida para acompanha-lo numa jornada ao lado dos parceiros Insônia, Sono, Silêncio, Ruídos Inexplicáveis e Bons Sonho, para quem sabe curar suas inseguranças.

O roteiro do longa é do Charlie Kaufmann, famoso por criar histórias com temas existencialistas e mistérios da mente humana. Kaufmann escreveu “Quero Ser John Malkovich” e “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças”, esse vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original. Em “Orion e o Escuro” ele trata do medo paralisante através de uma história infantil simples mas poderosa.

A narrativa é bem dinâmica e o visual lindo e com dois tipos de traço, um tradicional para a narrativa principal e outro de rabiscos que fazem parte do caderninho de medos de Orion, que é muito divertido de tão absurdo. A segunda metade da animação tem uma boa reviravolta e um tratamento de choque incrível que faz o protagonista enfrentar tudo que sempre o amedrontou.

A animação traz dubladores de peso que a enriquecem ainda mais: Jacob Tremblay ( “O Quarto de Jack” , “Extraordinário”) dá voz ao Orion com perfeição, um garoto meigo que só precisa de um empurrãozinho para deslanchar pra vida; Paul Walter Hauser interpreta o Escuro, forte mas com suas inseguranças; o resto do elenco conta com a Angela Bassett, Golda Rosheuvel, Ike Barinholtz, Carla Cugino e Werner Herzog.

“Orion e o Escuro” ensina que é preciso encarar os medos irracionais, e aprender a conviver com os medos “saudáveis e protetivos”. Essa é uma animação democrática: os adultos entenderão de uma forma mais profunda, fazendo analogias com as tantas fobias que os perseguem; já as crianças irão focar no medo do protagonista, o do escuro, talvez o mais recorrente na infância.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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