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“O Primeiro dia da Minha Vida”: Drama italiano investe em realismo mágico com atuação sensível de Toni Servillo

E se tivéssemos uma segunda chance para colocar a vida em perspectiva e reavaliar nossas decisões? Recalcular a rota? Esta é a premissa do mais novo filme de Paolo Genovese e sua reflexão recai sobre a história de 4 personagens que vivenciam os desdobramentos do suicídio.

Acompanhamos Arianna (Margherita Buy), uma policial que luta para superar a perda de sua filha; Emilia (Sara Serraiocco), uma ginasta acostumada a sempre ficar em segundo lugar nas competições e que agora enfrenta o drama de estar em uma cadeira de rodas; Napoleone (Valerio Mastandrea), um coach de vida bem sucedido que lida com uma depressão profunda; e Daniele (Gabriele Cristini), uma criança Youtuber que ganha dinheiro em seu canal comendo junk food em grandes quantidades. O destino desses quatro personagens se entrelaça quando um “espírito” sem nome interpretado por Toni Sevillo propõe que eles convivam durante sete dias para colocar suas respectivas vidas em perspectiva.

Após assistirmos o desfecho dramático de cada uma desses personagens, o filme investe no realismo mágico ao colocar pessoas que em uma linha do destino se suicidaram, podendo assistir as consequências que a decisão de tirar a própria vida causou no meio social em que conviviam. O espírito permite um passeio por várias localidades da cidade de Roma para disparar epifanias em cada um dos quatro seres humanos que desistiram de viver. Pode soar como uma experiência melosa e cafona, mas Genovese propõe uma reflexão emoldurada com diálogos inspirados e belas cenas de poesia visual como a da ginasta fazendo suas piruetas radicais na borda da cobertura de um prédio sob o luar de uma noite chuvosa.

Em alguns momentos a narrativa se arrasta e engrena no terço final do filme, principalmente com a atuação acima da média do ator Toni Sevillo, que acostumado a suas composições no cinema expansivas e muitas vezes exageradas, consegue garantir um tom sutil e contido para o espírito que serve como guia e motorista das quatro almas perdidas.

Curiosamente, o diretor do filme é co-roteirista deste, mas também autor do livro best seller no qual o filme se baseia, Il Primo Giorno Della Mia Vita (2019).

Marcello Azolino

Advogado brasiliense, cinéfilo e Profissional da indústria farmacêutica que habita São Paulo há 8 anos. Criou em 2021 a página @pilulasdecinema para dar voz ao crítico de cinema e escritor adormecido nele. Seus outros hobbies incluem viagens pelo mundo, escrever roteiros e curtir bandas dos anos 80 como Tears For fears, Duran Duran e Simply Red.

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