“Morando Com o Crush”: Comédia estrelada por Giulia Benite diverte público teen com impasses de jovem casal | 2024

Desde os 11 anos, quando estreou na franquia “Turma da Mônica: Laços” como Mônica, a querida personagem dentuça do Maurício de Souza, a atriz Giulia Benite vem mostrando seguidamente ter um talento bem acima da média, surpreendendo em comédias adolescentes como “Chama a Bebel” com risos e lágrimas. Agora ela está de volta em “Morando com o Crush”, mais um filme do gênero que, se não é tão bom quanto seus trabalhos anteriores, diverte com o seu brilho e sensibilidade ao interpretar.

Na trama, Giulia vive Luana, uma adolescente que sonha em ser médica assim como sua falecida mãe. Ela se dedica muito aos estudos mas também frequenta as festinhas dos amigos da escola, e numa delas se aproxima do seu crush Hugo. Quando eles finalmente marcam um cineminha e a paquera parece que vai deslanchar, são tomados de surpresa por uma notícia inesperada: Fábio, pai da Luana, e Antônia, mãe do Hugo, revelam que são namorados e que decidiram morar juntos, e por isso todos terão que se mudar do Rio pruma cidadezinha do interior, e assim viverem como uma família. Só que a realidade é bem mais complicada do que os planos repentinos do casal, Luana e Hugo não conseguem se adaptar à simplicidade do lugar, não sabem como assumir seu amor juvenil perante os pais e, pra piorar, eles tem que fingir pra todos que são irmãos, o que gera ainda mais confusão nessa nova etapa de suas vidas.

A direção de Hsu Chien ( de “Desapega!” e “De Repente, Miss!”) é correta, a narrativa tem um bom ritmo e alguns momentos divertidos, porém não se aprofunda em nenhum dos dramas dos personagens, como o trauma familiar, as dificuldades pra fazer um casamento funcionar e os mal entendidos entre os adolescentes, tudo é jogado de forma aleatória e resolvido de forma tão rápida e simplista que até assusta. Por outro lado, o roteiro de Sylvio Gonçalves traz algumas pautas relevantes como alimentação saudável e bullying, que são apenas pinceladas, porém sem deixar de ser um sinal de alerta para o público.

As situações cômicas são mais constrangedoras do que engraçadas, muito por culpa da atuação dos coadjuvantes que deixam a desejar. Os vizinhos fofoqueiros, o personagem “faz tudo” estereotipado, a rotina escolar e as trapalhadas de Luana e Hugo fingindo ser irmãos, e até a péssima vilã adolescente são cansativos, se arrancam alguma risada, deve ser muito tímida. Giulia Benite é o grande destaque da trama, apesar da Luana não ter tantas camadas e complexidade como suas personagens anteriores, ela é sempre doce e cativante, e representa tanto os dilemas adolescentes quanto o sonho de ter um amor perfeito.

“Morando com o Crush” é previsível como todas as comédias românticas, mas não traz consigo o fator X que faz uma produção se sobressair no meio de tantas outras. Talvez agrade a uma parcela do público adolescente, e por se tratar de uma experiência bem ‘nichada’ não deve marcar como alguns trabalhos anteriores do diretor, que continua a todo vapor na indústria, tanto que detém o raro feito de estrear dois filmes (e com a mesma protagonista!) no mesmo dia.