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“Invocação do Mal 4: O Último Ritual”: em clima de despedida, longa se fecha na intimidade dos Warren | 2025

“Invocação do Mal 4: O Último Ritual” é acima de tudo um filme honesto. A franquia sempre caminhou para uma centralidade maior da família Warren e este desfecho assume de vez essa direção. O primeiro longa permanece como um clássico de casa mal-assombrada, uma obra-prima do gênero. O segundo segue uma trilha semelhante, também muito bem filmado, ainda que inferior, mas já deslocando o olhar para o núcleo familiar dos Warren.

O terceiro capítulo marca a ruptura mais drástica. A saída de James Wan, um verdadeiro gênio do terror moderno, e a chegada de Michael Chaves resultaram em uma narrativa funcional, mas desequilibrada. Chaves tentou articular a dinâmica familiar dos protagonistas com a investigação da vez, mas terminou sem encontrar um ponto de fusão convincente.

O quarto filme, embora distante da força dos dois primeiros, ao menos supera o terceiro por assumir de forma transparente sua natureza “warrencentrada”. A casa mal-assombrada e a família que nela vive estão reduzidas a mero pano de fundo para explorar a intimidade de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga). A suposta novidade é a insinuação de uma passagem de bastão para a filha Judy (Mia Tomlinson), mas essa tentativa soa pouco promissora. Falta presença, consistência dramática e, sobretudo, o magnetismo que Farmiga e Wilson sustentaram ao longo da franquia. O resultado é um gesto de continuidade já enfraquecido, incapaz de estabelecer uma sucessora legítima para o legado dos Warren.

Outro aspecto que diferencia este filme dos predecessores é a figura da assombração. Se antes a franquia entregava ícones de marketing instantâneo como a Freira e a boneca Annabelle, agora não há entidade capaz de grudar na memória coletiva. O filme parece até ter desistido de criar um novo monstro de cabeceira e resolveu apostar no velho drama doméstico. Nesse sentido, para o público ocidental médio, o que mais inquieta não é a aparição de um espírito maligno, mas a ameaça de ver o modelo de lar perfeito desmoronar. A verdadeira possessão aqui é o medo de perder esse ideal de família tradicional cristã.

“Invocação do Mal 4” encerra o arco dos Warren sem esconder o desgaste da fórmula. É honesto, sim, mas também resignado, como quem sabe que não tem mais nada a oferecer além de um último aceno. As brechas narrativas deixadas soam mais como convenção de franquia do que promessa efetiva de futuro.

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

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