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“Dona Lurdes – O Filme”: Manuela Dias leva humor para as telonas com personagem dramática da tevê | 2024

Os trabalhos de grande projeção de Manuela Dias, inserem a autora num campo mais sisudo, que trabalha personagens envoltos em grandes dilemas, cuja marca registrada é o drama e o suspense. Muito embora tenha trabalhos tidos como mais ‘leves’ (“Love Film Festival” – 2014), foi a série “Justiça” (que ganha uma segunda temporada agora em abril ) e a novela “Amor de Mãe”, que trouxeram novos ares para as produções Globais. Esse  último trabalho, muito prejudicado pela pandemia e que precisou ser partido ao meio em função dos protocolos sanitários, nos deu uma personagem marcante e que ficará eternizada quando pensarmos nos grandes ícones da televisão.

Antes de ganhar as telonas, Dona Lurdes marcou presença no livro  “Diário de Dona Lurdes”,  uma espécie de ‘Spin-Off’, contando o que houve com cada membro dessa adorável família. Temos o oportunidade então de ver nas telas muito do que está presente no livro. Dessa vez, muito diferente da novela, temos uma Dona Lurdes radiante com a possibilidade de poder viver a própria vida, sem pensar em ter que cozinhar ou cuidar da roupa dos filhos.

Em “Dona Lurdes – O Filme”, depois de tantos anos de dedicação à maternidade, quando Ryan (Thiago Martins) seu último filho, sai de casa,  Dona Lurdes (Regina Casé) passa a sofrer com a chamada síndrome do ninho vazio e, para escapar da solidão, ela sai em busca de novas maneiras de preencher seus dias e até mesmo sua vida. Dessa vez ela terá a companhia de Zuleide (Arlete Salles), uma nova vizinha que a princípio ela estranha para em seguida se tornar uma grande amiga, que abre seus olhos e a coloca pra cima. Com humor e irreverência, Dona Lurdes viverá novas experiências e até encontrará um novo amor, Mario Sérgio (Evandro Mesquita).

Manuela Dias caminha aqui por novas veredas: os caminhos do cômico, flertando até com o humor pastelão. A persona dramática que mergulha nos dilemas dos filhos já não existe mais. Não com a mesma intensidade.  E muito embora semblantes de preocupação apareçam vez por outra, o que domina são as sequências engraçadas, com o habitual timing de Regina para a comédia. Arlete Salles, sua parceira de cena, é um acréscimo muito bem vindo, pois é ela que será a voz que a impulsionará a cuidar de si mesma e deixar de viver a vida dos filhos. O protagonismo não é mais da prole, que passam não só a ocupar menos do dia a dia dessa mãe dedicada, como também têm menos tempo de tela na produção.

“Dona Lurdes – O Filme” dessa vez não só celebra o amor de mãe, assim como na novela, como também coloca em destaque o amor próprio e o amor romântico. A descoberta desses ‘novos amores’ é o mote para um filme leve e divertido, que ainda discute sobre a síndrome do ninho vazio e o etarismo. (quem disse que pra namorar e fazer sexo tem idade?). A direção de Cristiano Marques, ainda que não ouse em fugir dos clichês (como inserir a procura da protagonista por apetrechos de sex shop por exemplo), ao menos consegue se descolar totalmente da narrativa desenvolvida no folhetim. Uns podem pensar que seja abrupto demais ir por esse caminho, mas que o riso se encaixa bem na personagem e em toda sua rotina, isso é inegável.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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