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“Criaturas da Mente”: documentário traz abordagem intrigante dos sonhos através de ciência e culturas ancestrais | 2025

A mente humana ainda é um mistério para a ciência, nosso consciente representa apenas 5% dela, os demais 95% são o subconsciente, que armazena memórias, experiências, crenças, emoções e padrões de pensamento que influenciam o comportamento, isso sem falar nos sonhos que dele se originam – todos elementos que podemos chamar “criaturas da mente”. O cineasta Marcelo Gomes (de “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”) trabalhava num projeto quando aconteceu a pandemia e ele, do nada, parou de sonhar, ou de lembrar dos sonhos que tinha, o que lhe causou impacto e principalmente curiosidade. E foi movido pela vontade de conhecer mais sobre o fenômeno “sonho”, sua função, como surge e o que representa, que se iniciou uma amizade com o neurocientista Sidarta Ribeiro, um dos maiores especialistas na área. Daí surgiu o documentário “Criaturas da Mente”, que teve a sua première nacional na abertura da 57ª edição do Festival de Brasília.

Com a narração em off do próprio Marcelo Gomes, o longa acompanha a trajetória de Sidarta para entender esse universo onírico. O diálogo improvável entre a Ciência e as Culturas afrodescendentes é fascinante mas nada fácil de se compreender num primeiro momento, mas à medida que se intercalam depoimentos de Sidarta , seus estudos e próprias experiências, com os relatos de líderes religiosos e adeptos do chá alucinógeno ayhuasca, vamos devagar conectando conceitos tão díspares. Pode sim existir conexão entre o carnaval, os rituais da umbanda e do candomblé e os sonhos, pois são todas experiências que buscam uma forma de transe, buscam sair da consciência e entrar num êxtase.

Pode-se pensar que, por se tratar de uma narrativa com um neurocientista renomado, o documentário seja como uma produção do Discovery Chanel, mas não é. Há alguns pontos com experimentos para mapear a atividade neural durante o sono e assim apresentar dados científicos acerca dos enigmas do sonhar. Porém o que predomina em “Criaturas da Mente” é o lado humano e subjetivo. Da parte do diretor Marcelo Gomes, o longa tem um tom confessional de “diário” sobre sua angústia em não sonhar mais (como um cineasta vai produzir sem a habilidade de sonhar?) e sua jornada em busca de respostas nesse quebra-cabeças tão inusitado com peças da cultura popular e da Ciência. Esteticamente o longa também acerta, com imagens imersivas que retratam um sonho antigo, flashes iluminados que remetem ao inconsciente nebuloso, rápidas animações e trechos de seus filmes que garantem uma atmosfera poética aos seus devaneios

“Criaturas da Mente” traz reflexões profundas sobre o ato de sonhar, algo que parece ser tão banal mas que ainda é muito incompreendido. Seja como for, o fato é que sonhar é preciso, acordado ou não, sonhar é a mola propulsora que nossa mente usa para evoluirmos sempre, para fazermos planos e sairmos da zona de conforto, por isso é fundamental que sempre existam obras e estudos sobre o tema.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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