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“Amores Solitários”: Laura Dern estrela romance enquanto faz crítica ao etarismo | 2024

O amor pode estar aonde a gente menos espera. Nossa… Que frase batida! Mas “Amores Solitários”, filme original Netflix estrelado por Laura Dern e Liam Hemsworth inevitavelmente nos leva por esses caminhos em suas entrelinhas. Susannah Grant (“Perder e Largar” – 2006) nos entrega uma daquelas comédias românticas levinhas e despretensiosas, mas com o plus de um debate que nunca é demais ser colocado na roda : o etarismo, ou o preconceito e a discriminação de alguém simplesmente pela idade, seja em que área for, o assunto sempre fomenta boas reflexões.

Na trama iremos conhecer Katherine Loewe (Dern), uma escritora renomada por seus romances. Contudo, sua dedicação praticamente integral à carreira fez com que se tornasse uma mulher reclusa. Frustrada com um bloqueio criativo que a impede de trabalhar em seu novo livro, ela decide ir para o outro lado do mundo para passar um tempo em um retiro para escritores no Marrocos, na esperança que o lugar remoto e o ambiente a inspirem. Lá, ela acaba conhecendo Owen Brophy (Hemsworth), um jovem que trabalha no mercado financeiro e que foi para lá acompanhando sua namorada, que acabou de lançar um Best-Seller.  A relação dos dois escala para um caso amoroso digno das páginas de um livro de romance, algo que Katherine nunca poderia esperar.

Além do romance, o longa  abraça temas como a identidade e o amor próprio dentro e fora de um relacionamento, sem falar no etarismo, já que os personagens de Dern e Hemsworth, tem no mínimo 20 anos de diferença. E infelizmente sabemos que quando a mulher é a mais madura da relação, o preconceito é ainda maior. Fica claro, quando no próprio texto de Katherine, que é uma mulher moderna e inteligente, ela deixa escapar seu próprio preconceito com a aquela situação.  Algumas mazelas estão tão arraigadas na sociedade que até quem anseia por quebrar tabus, se vê quase que inconscientemente cedendo às regras impostas pelo machismo.

Assim como tantas comédias românticas produzidas nos dias de hoje, “Amores Solitários” tem bom ritmo, belos cenários, mas deixa a desejar com um roteiro raso e a falta colossal de química entre o casal protagonista. O longa funciona muito melhor ao redor do possível casal do que quando os personagens estão juntos, mas claro, em muitos momentos a película é salva pela grandiosidade de Laura Dern, que transforma qualquer papel mediano em um grande papel. Ainda que deixe a desejar nesses pontos, o filme pode se tornar um bom programa para uma tarde chuvosa. O famoso entretenimento descompromissado também é entretenimento.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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