“Ainda Estou Aqui”, “Malu” e os grandes vencedores do Prêmio Grande Otelo
Noite de gala do cinema brasileiro aconteceu nesta quarta feira

Foram anunciados nesta quarta-feira, 30 de julho, os vencedores do Prêmio Grande Otelo 2025, a mais importante festa do audiovisual brasileiro. O destaque foi “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que venceu 13 troféus: Melhor Longa-metragem Ficção, Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Ator de Longa-metragem, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Direção de Fotografia, Melhor Efeito Visual, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Som. Pedro Freire venceu o prêmio de Melhor Roteiro Original e Melhor Primeira Direção de Longa-metragem por “Malu” (veja abaixo a lista completa de premiados). Realizada anualmente pela Academia Brasileira de Cinema, a cerimônia aconteceu na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, e teve como apresentadoras Barbara Paz e Isabel Fillardis. O evento foi transmitido ao vivo para todo o país pelo Canal Brasil e pelo Youtube da Academia Brasileira de Cinema.
O troféu Grande Otelo de Melhor Atriz de Longa-Metragem foi para Fernanda Torres (“Ainda Estou Aqui”) e o de Melhor Ator de Longa-Metragem, para Selton Mello (“Ainda Estou Aqui”). Juliana Carneiro da Cunha venceu na categoria Melhor Atriz Coadjuvante (“Malu”) e como Melhor Ator Coadjuvante quem ganhou foi Ricardo Teodoro (“Baby”). Gabriel Leone foi laureado como Melhor Ator Série de Ficção para TV Aberta, TV Paga ou Streaming, por “Senna”, e Adriana Esteves como Melhor Atriz de Série de Ficção para TV Aberta, TV Paga ou Streaming, por “Os Outros”.
Em seu discurso, Fernanda Torres exaltou a trajetória mundial de “Ainda Estou Aqui” e agradeceu por encerrar a jornada no Rio. “’Ainda Estou Aqui’ começou no Rio de Janeiro e me sinto muito realizada tendo dado a volta ao mundo com Walter [Salles], Selton [Mello], com o filme, com Eunice [Paiva] para estar aqui hoje, de volta. Eu estou muito feliz de ir para casa com o Grande Otelo!”, disse emocionada.
Foram anunciados 30 prêmios para longas-metragens, curtas e séries brasileiras: 29 produções escolhidas pelo amplo júri formado por profissionais associados à Academia Brasileira de Cinema, e o disputado Grande Otelo de Melhor Filme pelo Júri Popular, escolhido pelo público por meio de votação realizada no site da Academia. Como é tradição, a abertura dos envelopes foi ao vivo, auditada pela PwC Brasil. Neste ano, a lista de finalistas reuniu mais de 300 profissionais indicados em mais de 30 diferentes longas-metragens brasileiros, 5 longas ibero-americanos, 19 curtas brasileiros (5 de ficção, 6 documentários e 8 de animação); e 20 séries (7 de animação, 5 documentais e 8 de ficção).
Na abertura da premiação, Renata Almeida Magalhães, presidente da Academia Brasileira de Cinema, falou sobre a última safra do cinema nacional e ressaltou a importância de ter uma instituição plural e democrática para representá-lo. “Este foi um ano muito especial para o nosso cinema e, na noite de hoje, vamos celebrá-lo com todos que o realizam. Não importa quem ganha ou perde, todos somos vencedores porque acreditamos na força das nossas imagens e sonhos, e não desistimos nunca”, disse, lembrando o primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional vencido pelo Brasil. “Em 2025, fizemos um golaço em pleno Carnaval e, para ser justo com Waltinho [Walter Salles], foi um gol de Garrincha”, brincou.
Em tom bem humorado, Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, subiu ao palco e falou da importância cultural e econômica do cinema para a capital fluminense e todo o Brasil. “O Prêmio Grande Otelo é um dos momentos mais inspiradores da cultura brasileira, nossa maior homenagem ao talento, criatividade e força do cinema nacional. Com o maior orgulho, celebramos filmes como ‘Ainda Estou Aqui’, o grande destaque desta edição que recebeu 16 indicações, o que reforça o talento dos nossos profissionais e a maturidade do nosso setor. Conquistas são motivo de orgulho e, mais importante, prova que vale a pena investir na cultura, mostrando que, quando o poder público cumpre seu papel, o talento floresce e o Brasil brilha lá fora com histórias que nascem aqui”.
Ao longo da noite, o evento celebrou a trajetória do cinema brasileiro ao redor do mundo com homenagens a filmes e a profissionais brasileiros que marcaram presença e se destacaram no cinema mundial. Durante a cerimônia, foram relembrados marcos como a chegada dos primeiros atores brasileiros a Hollywood; vitórias e indicações de produções nacionais nos maiores festivais internacionais, como Cannes, Berlim e Veneza; e as múltiplas conquistas do Cinema Novo. Fizeram ainda parte da homenagem os triunfos mais recentes de “Ainda Estou Aqui”, “O Último Azul” e “O Agente Secreto”, além de uma bela homenagem à produtora LC Barreto Produções Cinematográficas, que já produziu e coproduziu mais de 80 títulos.
Na parte musical, a banda Primavera nos Dentes fez três apresentações especiais com um repertório de canções emblemáticas que marcaram o cinema brasileiro em diferentes épocas. Na voz da vocalista Duda Brack, o quinteto apresentou “O que é que a baiana tem”, de Dorival Caymmi, sucesso que projetou Carmen Miranda rumo à carreira internacional; “Bye Bye Brasil”, escrita por Chico Buarque especialmente para o longa homônimo de Cacá Diegues, e “É preciso dar um jeito, meu amigo”, de Erasmo Carlos, que se tornou um hino do momento atual do audiovisual brasileiro com “Ainda Estou Aqui”.
O Prêmio Grande Otelo conta com o apoio da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, por meio da RioFilme, órgão que integra a Secretaria Municipal de Cultura, e tem apuração e acompanhamento da PwC Brasil.
CONFIRA TODOS OS VENCEDORES
MELHOR LONGA-METRAGEM FICÇÃO
AINDA ESTOU AQUI, de Walter Salles
MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
3 OBÁS DE XANGÔ, de Sérgio Machado
MELHOR LONGA-METRAGEM ANIMAÇÃO
ARCA DE NOÉ, de Sérgio Machado e Aloís Di Leo
MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL
CHICO BENTO E A GOIABEIRA MARAVIOSA, de Fernando Fraiha
MELHOR LONGA-METRAGEM IBERO-AMERICANO
GRAND TOUR (Portugal), de Miguel Gomes. Indicação: Academia Portuguesa de Cinema
MELHOR DIREÇÃO
WALTER SALLES por Ainda Estou Aqui
MELHOR PRIMEIRA DIREÇÃO DE LONGA-METRAGEM
PEDRO FREIRE por Malu
MELHOR ATRIZ DE LONGA-METRAGEM
FERNANDA TORRES como Eunice Paiva por Ainda Estou Aqui
MELHOR ATOR DE LONGA-METRAGEM
SELTON MELLO como Rubens Paiva por Ainda Estou Aqui
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE DE LONGA-METRAGEM
JULIANA CARNEIRO DA CUNHA como Dona Lili por Malu
MELHOR ATOR COADJUVANTE DE LONGA-METRAGEM
RICARDO TEODORO como Ronaldo por Baby
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
ADRIAN TEIJIDO, ABC, por Ainda Estou Aqui
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
PEDRO FREIRE por Malu
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MURILO HAUSER e HEITOR LOREGA – baseado no livro “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva – por Ainda Estou Aqui
MELHOR MONTAGEM
AFFONSO GONÇALVES, ACE, por Ainda Estou Aqui
MELHOR EFEITO VISUAL
CLAUDIO PERALTA por Ainda Estou Aqui
MELHOR SOM
LAURA ZIMMERMAN e STÉPHANE THIÉBAUT por Ainda Estou Aqui
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
CARLOS CONTI por Ainda Estou Aqui
MELHOR FIGURINO
CLAUDIA KOPKE por Ainda Estou Aqui
MELHOR MAQUIAGEM
MARISA AMENTA e LUIGI ROCHETTI por Ainda Estou Aqui
MELHOR TRILHA SONORA
WARREN ELLIS por Ainda Estou Aqui
MELHOR SÉRIE BRASILEIRA DE FICÇÃO, DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE, PARA TV ABERTA, TV PAGA OU STREAMING
SENNA – TEMPORADA ÚNICA, de Vicente Amorim
MELHOR SÉRIE BRASILEIRA DE DOCUMENTÁRIO, DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE, PARA TV ABERTA, TV PAGA OU STREAMING
FALAS NEGRAS – 4ª TEMPORADA, de Antonia Prado
MELHOR SÉRIE BRASILEIRA DE ANIMAÇÃO, DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE, PARA TV ABERTA, TV PAGA OU STREAMING
IRMÃO DO JOREL – 5ª TEMPORADA, de Juliano Enrico
MELHOR ATRIZ – SÉRIE DE FICÇÃO PARA TV ABERTA, TV PAGA OU STREAMING
ADRIANA ESTEVES como Cibele por Os Outros
MELHOR ATOR – SÉRIE DE FICÇÃO PARA TV ABERTA, TV PAGA OU STREAMING
GABRIEL LEONE como Senna por Senna
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
HELENA DE GUARATIBA, de Karen Black
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
VOCÊ, de Elisa Bessa
MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO
A MENINA E O POTE, de Valentina Homem e Tati Bond
VOTO POPULAR
MILTON BITUCA NASCIMENTO, de Flavia Moraes (documentário)
Sobre o Prêmio Grande Otelo
O Prêmio Grande Otelo é organizado e votado pelos próprios profissionais do setor, uma forma da própria classe celebrar o seu trabalho e dar o devido reconhecimento ao talento de seus profissionais. A premiação é anual. Contribui para a elevação e a promoção do cinema brasileiro junto à população e ao público do país, através do reconhecimento da qualidade técnica e artística de seus filmes e da confraternização entre os profissionais da indústria.
O processo de definição dos vencedores do Prêmio Grande Otelo é dividido em duas etapas: indicação e premiação. A partir de 2004 a votação passou a ser feita via internet, pelos sócios da Academia, que recebem uma senha eletrônica para votar pela internet. O sistema tem a auditoria da empresa PwC Brasil.
Na fase de indicação são escolhidas as cinco obras e profissionais representantes de cada categoria que passam para a etapa seguinte. A escolha é feita pelos sócios – através de uma cédula de votação eletrônica com a lista completa de todos os concorrentes. Terminado o processo de apuração do primeiro turno, uma nova relação com os cinco escolhidos em cada categoria é enviada aos sócios que escolhem, então, os vencedores. Nas duas etapas a votação é secreta e a abertura das cédulas, bem como a apuração dos votos, é realizada pela PwC Brasil.