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“A Favorita do Rei”: Johnny Depp retorna em grande estilo no drama-histórico sobre a cortesã que escandalizou a Corte de Luiz XV | 2024

Após o hiato na carreira provocado pelo polêmico julgamento contra Amber Heard, Johnny Depp retorna às telonas no longa francês “A Favorita do Rei”, que foi exibido no Festival de Cannes de 2023. No filme ele interpreta Luís XV, que se apaixona por uma jovem de origem humilde. Sob o título original “Jeane du Barry”, o filme conta a história de Jeane Bécu, filha ilegítima de uma costureira que se tornou a última amante oficial do monarca francês. A personagem é interpretada pela atriz francesa Maïwenn, que também assina a direção e o roteiro da obra. Além de marcar o retorno da carreira de Depp, essa é a primeira participação do ator em um filme francês.

Jeane Vaubernier é uma jovem ambiciosa que está determinada a ascender socialmente. Apesar de sua condição de plebeia, aprendeu a ler e a escrever no convento para onde foi enviada até completar 15 anos. Inteligente e culta, ela usa seu charme e beleza para escapar da pobreza. Seu amante, o Conde Du Barry (Melvin Poupad), enriquece ao seu lado e ambiciona introduzi-la à Corte de Versalhes e apresentá-la ao Rei. Com a ajuda do poderoso Duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV.

Essa uma história de amor e rebeldia. Um relacionamento amoroso entre um rei e uma plebeia é absolutamente afrontoso às convenções estabelecidas pela aristocracia. A presença de Jeanne na corte, gozando da íntima companhia do monarca, é um escândalo que provoca o descontentamento da nobreza. Ao focar nos desafios enfrentados por Jeanne du Barry para manter a sua posição privilegiada, a diretora promove um raio-x dos costumes da monarquia francesa, revelando a frivolidade, o preconceito e a hipocrisia que permeava o ambiente. Jeanne é uma mulher pobre, mas jamais aceitou o determinismo de sua posição social. Quando foi introduzida na corte, a sua vida como cortesã não a impediu de participar de saraus de poesia e de nutrir seu gosto pela alta literatura.

Mesmo sendo vista como uma criatura incômoda e exótica, Jeanne não se deixou abalar, e em diversas ocasiões fez troça da etiqueta real, algo cafona e entediante, muitas das vezes utilizada como forma de bajulação para que a aristocracia conseguisse favores da coroa. Esse mundo de costumes tão distante dos interesses das camadas mais pobres da sociedade francesa já era o prenuncio do espírito revolucionário que eclodiria anos mais tarde.

O retrato visual da obra é constituído por uma fotografia que capta a opulência e o esplendor de Versalhes, com planos abertos exibindo, em muitos momentos, toda a beleza do jardim de um dos palácios mais famosos do mundo. Destaque também para a maquiagem, o figurino e o design de produção, que, com riqueza de detalhes, reconstituiu muito bem a ambientação da Corte Francesa do Século XVI.

Nada melhor que uma produção com bastante requinte para marcar o retorno em grande estilo de Johnny Depp, que a par das polêmicas, é um dos melhores atores de sua geração, que prova sua versatilidade nos mais variados papéis e, agora, nos mais variados idiomas.

Vitor Pádua

Advogado que expia o juridiquês com a paixão pela fotografia e pelo cinema.

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