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“Picasso – Um Rebelde em Paris”: documentário mergulha na genialidade e no lado sombrio do pintor espanhol com lirismo e forte apelo visual | 2025

“Levei quatro anos para pintar como Rafael, mas uma vida inteira para pintar como uma criança.” : essa é uma das mais célebres frases do pintor Pablo Picasso, que teve sua genialidade reconhecida na mais tenra idade, ele era o “Mozart da pintura”. Nascido em 1881 em Málaga, Espanha, mudou-se para Paris em 1900, e a partir daí sua jornada tornou-se meteórica e ele um gigante na Arte, uma referência até hoje.

Com direção de Simona Risi, o documentário “Picasso – Um Rebelde em Paris” delineia a alma e a obra do pintor com alguns detalhes pouco conhecidos, começando com a chegada a Paris, uma cidade boêmia, anárquica e culturalmente efervescente, mas também xenofóbica. Desde as dificuldades dos primeiros dias de pobreza, no ateliê sem aquecimento no bairro de Montmartre, até os convites para exposições, as amizades e as importantes inspirações que o levaram rapidamente ao reconhecimento. O longa tem a narração poderosa da atriz iraniana Mina Kavani ( vencedora do Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza 2022 por “No Bears”), que nos conduz a um passeio pela Cidade Luz, pelos bairros de Picasso, galerias e pelo circo que tanto o inspirou.

A narrativa mergulha na mente visionária do pintor que não parava um minuto sequer de criar, e que, pasmem, morria de ciúmes de suas obras. Picasso transformava tudo em pintura: sua gana por retratar o quotidiano, as pessoas, corpos, objetos e emoções torna difícil separar o homem do artista, pois sua vida se refletia em sua obra, e vice-versa. Sua carreira evoluiu em fases: da Fase Azul ele foi para a Rosa, e depois para a Africana, onde se inspirou na arte e máscaras do continente, gosto que compartilhava com o amigo e rival Matisse. Mas foi a partir do retrato da amiga e escritora Gertrude Stein que ele começou a desconstruir e simplificar as formas, dando origem ao Cubismo e à modernização, o que abriu caminho para toda a arte contemporânea. O documentário levanta até a perspectiva “queer” sobre suas pinturas, por desafiarem as convenções de gênero e sexualidade da época através de corpos desnudos e desconstruídos. A conturbada vida amorosa de Picasso e seu claro narcisismo no tratamento com as mulheres também são destacados e evidenciam seu lado obscuro, pois ele podia ser generoso ou déspota, amigo ou inimigo daqueles que amava.

O outro eixo condutor do longa é o Museu Nacional Picasso em Paris, por si só um personagem na narrativa. Conhecemos sua criação, a escolha do prédio num suntuoso hotel antigo, a pintura das salas e sua imensa coleção, a maior do mundo dedicada ao pintor. As imagens fortes das muitas pinturas de Picasso são enriquecidas por entrevistas com críticos de arte, curadores, intelectuais e artistas.

“Picasso: Um Rebelde em Paris” envolve o espectador com uma abordagem ao mesmo tempo poética e biográfica do gênio, e nos convida a ir ainda mais fundo em sua vida e trabalho. Os amantes da arte irão se deleitar.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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