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“Um Pai para Lily”: drama comove com boas reflexões sobre relações tóxicas e carência emocional | 2025

Logo nas primeiras cenas de “Um Pai para Lily” já nos sensibilizamos com a protagonista: Lily acabou de levar um fora do namorado e foi jantar com o pai num restaurante decadente; lá ela tenta falar um pouco sobre esse momento triste, mas o que ela ouve desse homem egocêntrico são as dúvidas dele sobre as pretendentes do aplicativo de relacionamentos. Depois de uma das tantas brigas, Bob para de falar com Lily, e um dia, depois de busca-lo no Facebook , ela vira amiga do Bob Trevino, um homônimo do seu pai que curte uma postagem sua ( o título original é o ótimo “Bob Trevino Curtiu Isso”). Uma amizade improvável surge entre esses dois solitários, uma filha à procura de um pai e um pai a procura de uma filha, peças de um quebra-cabeça que se encaixam com perfeição.

Lily vive de migalhas emocionais: ela foi tão, mas tão rejeitada na vida, que faz de tudo para agradar a todos, qualquer gesto de afeto ou de aprovação bastam. Por isso ela é o tipo de pessoa que não sabe dizer “não” pra ninguém, que não chora, não reclama e jamais coloca pra fora as tantas agruras pelas quais passa, pelo contrário, ela tem sempre palavras de otimismo pra compartilhar, até mesmo numa situação bizarra onde sua terapeuta cai em prantos durante a sessão.

Barbie Ferreira vive Lily com brilhantismo, ela comove a cada decepção e lágrima, uma garota doce que tem potencial para muita coisa e que merece ser amada, mas que também precisa de alguém digno que lhe mostre isso com paciência e afeto. Ela é uma personagem que nos cativa logo de cara, impossível não ser empático e refletir como tantas pessoas estão sorrindo mesmo passando por momentos sofridos. A vontade que dá é de dar um abraço bem apertado em Lily e dizer: “Você merece tudo de melhor que a vida tem!”. E quem chega para dizer isso é o pai que ela escolhe, interpretado por John Leguizamo, ele é acolhedor com a menina, mostrando-lhe que tudo tem um viés positivo e que mesmo uma vida simples pode ser boa. Por outro lado, o pai verdadeiro é uma pessoa horrenda, French Stewart está odioso como o narcisista que se vitimiza o tempo todo e que culpa a própria filha por todos os males do mundo.

Esse é o trabalho de estreia da diretora e roteirista Tracie Laymon, que se inspirou na própria história para fazer o longa. Ela optou por não retratar em flashbacks os eventos do passado dos personagens, eles são apenas citados, o que deixa uma brecha para imaginarmos o quanto eles pesaram nas suas feridas emocionais. Os diálogos são simples porém fortes, e dizem muito do sofrimento interno da garota, que por fora sempre exibe um sorriso. O turbilhão de sentimentos evocados na trama, solidão, amizade, carência, amor e revolta, são universais, por isso conversam com todos os espectadores.

A vida de Lily não é só tragédia, ela também tem momentos divertidos com sua amiga Daphne, que apesar dos problemas de saúde, tem sempre uma boa tirada. E depois de conhecer seu “novo pai”, seu quotidiano quase sempre cinza, ganha cores. A trajetória da protagonista é agridoce, como a vida é, com momentos tristes e outros de pura alegria, e é por eles que se deve seguir em frente. “Um Pai para Lily” deixa um nó na garganta,  e é uma grata surpresa entre os últimos lançamentos.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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