⚠️ VEJA OUTRAS CRITICAS DO PAPO EM NOSSO ACERVO (SITE ANTIGO).

ACESSAR SITE ANTIGO
PitacO do PapO

“Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu”: nova aventura suaviza o caos, mas mantém o charme | 2025

A técnica da animação passou por muitas transformações ao longo das décadas, mas talvez a mais radical tenha ocorrido nos anos 1990, quando “Toy Story” alcançou enorme sucesso e marcou, de vez, um ponto de virada na estética dos desenhos. Desde então, as produções em 2D foram sendo gradualmente substituídas por modelos digitais, tornando-se cada vez mais raras no circuito comercial. “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” surge como exceção nesse cenário. O longa propõe uma experiência relativamente fiel ao espírito dos originais, com muito humor nonsense. Em vez de se apoiar apenas na nostalgia, o filme reafirma o valor desse formato que ainda tem muito a oferecer.

Na trama, acompanhamos Patolino e Gaguinho no centro de uma conspiração alienígena que, aos poucos, transforma a população em zumbis controlados por chicletes contaminados. Após uma sequência de demissões causadas pelas confusões de Patolino, a dupla encontra emprego em uma fábrica de doces, onde conhece a cientista Petúnia. É lá que descobrem uma estranha substância verde sendo adicionada aos chicletes, e com ela, um terrível plano extraterrestre em curso.

A turma do Looney Tunes faz parte da memória afetiva de diferentes gerações, mas Patolino, Gaguinho e companhia já não ocupam o mesmo espaço de popularidade na televisão como antigamente. Mesmo assim, suas imagens seguem presentes no imaginário coletivo, estampadas em camisetas, cadernos, brinquedos e toda sorte de produtos licenciados. O que mudou, no entanto, foi o teor das histórias. Algo semelhante aconteceu com personagens como Pica-Pau e Tom & Jerry, que, entre os anos 1990 e 2000, passaram a ser alvo de críticas pelo conteúdo considerado excessivamente violento. Se antes o Pernalonga e sua turma resolviam conflitos com marretadas, dinamites e armadilhas, hoje o humor tende a ser mais pueril, contido, e mais voltado ao lúdico do que à violência cartunesca. “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” é fruto direto dessa transformação. A energia anárquica ainda está lá, só que em dose controlada.

O texto é ágil e oferece uma aventura para toda a família, capaz de arrancar boas risadas das crianças e, no caso dos adultos, ainda divertir com algumas referências discretas a clássicos do cinema. É uma experiência curta e, em certa medida, episódica, especialmente no início, quando a trama da invasão alienígena ainda não engatou. A sensação é de assistir a uma sucessão de esquetes costurada por um arco mais definido apenas na segunda metade. Nada disso compromete o resultado, mas evidencia que a força do longa está menos na construção da narrativa e mais no prazer de revisitar personagens carismáticos, ainda capazes de provocar confusão e gargalhadas com uma simples careta

No fim das contas, “Looney Tunes – O Filme: O Dia que a Terra Explodiu” entrega um divertimento descompromissado e com ritmo leve. Pode não ser marcante ou memorável, mas cumpre bem seu papel de reintroduzir figuras clássicas a um novo público sem abrir mão do que as tornou inesquecíveis.

 

Rafa Ferraz

Engenheiro de profissão e cinéfilo de nascimento. Apaixonado por literatura e filosofia, criei o perfil ‘Isso Não é Uma Critica’ para compartilhar esse sentimento maravilhoso que é pensar o cinema e tudo que ele proporciona.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo