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“A Noite Que Mudou o Pop”: Bastidores de canção icônica transbordam genialidade e generosidade | 2024

“We are the world, we are the children…”. Quem nunca cantarolou ou ouviu esse refrão certamente não mora no planeta Terra. O ano era 1985, nas paradas os discos de vinil vendiam milhões; não existia celular, a comunicação era difícil e as notícias demoravam pra chegar ao público. Quando as imagens do povo africano morrendo de fome chegaram aos olhos dos EUA, o choque foi grande. Foi então que os astros Lionel Ritchie e Michael Jackson, inspirados pelo projeto “Band Aid” do britânico Bob Geldof, resolveram criar o “USA for Africa”. O primeiro passo foi escrever a canção, que deveria ser simples mas comovente e com um refrão poderoso; depois convidar as maiores estrelas da música para gravá-la; e a terceira etapa, a mais difícil, reunir todos em uma única noite de gravação perfeita, era tudo ou nada. Desses desafios surgiu o hino da esperança “We Are The World”. Os bastidores dessa noite memorável, um pequeno caos de genialidade, são retratados no documentário da Neflix “A Noite que Mudou o Pop”.

O longa começa mostrando o cenário cultural no segundo semestre de 1984, quando Lionel Ritchie e Michael Jackson começaram a desenvolver o projeto em uma contagem regressiva até o dia 28 de janeiro de 1985. Foram convidados 46 artistas para gravar a canção no A&M Studios em Hollywood, logo após a entrega do prêmio Grammy. Bob Dylan, Diana Ross, Ray Charles, Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Cindy Lauper, Tina Turner, Paul Simon, Kenny Rogers, Dionne Warwick, Harry Bellafonte, dentre outras tantas estrelas – se eles compareceriam era uma incógnita, mas todos foram, e fizeram daquela uma noite grandiosa em prol de um mundo melhor.

O diretor Bao Nguyen conseguiu equilibrar com eficácia momentos de descontração com os bastidores musicais e a logística, imagens preciosas de arquivo com entrevistas atuais. A narrativa de “A Noite que Mudou o Pop” é rica nesses detalhes técnicos da gravação e em divertidas curiosidades que poucos testemunharam.

O lendário Quincy Jones foi quem orquestrou essa maravilha de projeto, ele ajustou o local de cada artista, as vozes principais e o coro, a melodia e a gravação. Ver Michael Jackson gravando o refrão com a perfeição que só um gênio com ouvido absoluto faria é um deleite. Al Jarreau desafinando depois de vários copos de vinho; Bob Dylan exausto; Steve Wonder bagunçando ainda mais o encontro e Ray Charles rindo de tudo e dedilhando a canção ao piano são momentos que tornam a atmosfera leve e o longa delicioso. A humanidade dos astros é mostrada sem cerimônia, afinal eles estavam ali sem assessore s ou seguranças, como se estivessem na sala de casa.

Lionel Richie nos conta como tudo se desenvolveu, desde suas ligações para Michael Jackson, como escreveram a letra e melodia de “We Are the World”, a tensão que antecedeu a noite memorável, e por fim a glória com o seu resultado estrondoso de mais de 20 milhões de cópias vendidas. A imersão é nos bastidores e fatos inusitados, as pequenas controvérsias são apenas citadas, como a recusa de Prince devido à rivalidade com Michael Jackson, ou o por quê da Madonna não ter participado; e assim se manteve o foco na importância do momento.

“A Noite que Mudou o Pop” é nostálgico e emocionante para quem viveu a febre do momento, e curioso pros mais jovens que nasceram em eras digitais. Um belo tributo à música e as causas humanitárias que eterniza de vez “We Are The World”.

Karina Massud

Formada em Direito, cinéfila desde os 5 anos de idade, quando seu pai a levou para assistir “Superman-o Filme”. Cachorreira, chocólatra, fã ardorosa de séries, músicas, literatura e tudo que emocione.

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