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“13 Sentimentos”: Comédia LGBT retrata jovem à procura de um novo amor em plena era digital | 2024

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Há dez anos chegava  aos cinemas aquele que haveria de ser tornar um novo clássico do cinema brasileiro. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014), meio que conseguiu furar a bolha do cinema LGBT e circulou em diversas rodas, atingindo em cheio um público que não consumia filmes na temática. Respirando diversidade e inclusão, o longa derivado do curta “Eu Não Quero Voltar Sozinho” (2010) até hoje é lembrado dentre as obras bem sucedidas do cinema brasileiro recente. Flertando com o pop mas também altamente delicada, a história sob a direção de Daniel Ribeiro projetou o cineasta, e quando saiu a notícia de um novo filme, as expectativas não poderiam ser as melhores.

Na história conheceremos João (Artur Volpi), que acabou de romper com o relacionamento de uma década com seu ex-namorado, Hugo (Sidney Santiago), descrevendo-o como o final perfeito para uma série de grande sucesso. Embora tenham permanecido amigos após a separação, João se vê diante de um turbilhão emocional ao tentar voltar para o mundo dos solteiros. Ao embarcar na busca por um novo amor, João conhece Vitor (Michel Joelsas), por quem de cara de apaixona. Movido pela visão romântica que ele tem da vida e dos relacionamentos, João tenta moldar sua história com Vitor como se estivesse construindo o roteiro de um filme. No entanto, ele rapidamente percebe que a realidade não pode ser controlada como um roteiro de cinema, e que os desafios do amor verdadeiro transcendem qualquer narrativa de contos de fadas.

Enquanto narrativa “13 Sentimentos” se aproxima ainda mais do seu público, ainda que assim corra o risco de se encaixar num nicho que pode impedir o longa de alcançar outros expectadores. Se em seu filme de estreia Ribeiro usa de muita poesia, inclusão e evidencia a diversidade de um modo tão incisivo quanto delicado, nessa nova empreitada , a trama, ao mergulhar no universo gay através dos apps de relacionamento, perde a oportunidade de fazer desse mote algo realmente interessante, que tivesse mais a dizer do que retratar alguém inseguro e perdido como seu protagonista, reforçando ainda um padrão, a famosa ditadura da beleza, da procura por pares bem dotados e corpos sarados. O amigo negro e afeminado, por exemplo, é aquele coadjuvante que serve de escada para o personagem principal ter palco para suas lamúrias ou falar de novos possíveis romances.

Num brasil pós pandemia e em meio a ameaças contra a democracia, a começar pelo título,  a história faz uma brincadeira ao misturar política e relacionamentos. Uma boa sacada essa crítica, já que hoje, até em aplicativos de relacionamento (acredite!) muita coisa de resume a direita e esquerda. É uma pena que o filme não desenvolva melhor esse tema, talvez fosse assim, tivéssemos um filme ao menos mais engraçado ou que tivesse algo a dizer além de reforçar estereótipos perfeitos, ostentar diálogos vazios e  performances deslocadas. O filme é sim leve e tem meia dúzia de momentos fofos e divertidos, mas é lamentável que em pleno 2024, quando tanto se fala de diversidade e liberdade dos corpos, ver um projeto que tinha tanto pra dar, se limitar a mostrar tão pouco, ainda mais vindo de um realizador com uma estreia que entregou muito logo de cara.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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