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“Mallandro, o Errado Que Deu Certo”: Filme celebra ícone da tevê enquanto retrata altos e baixos da carreira e da vida pessoal do humorista | 2024

Existe um fato curioso na trajetória de Sérgio Neiva Cavalcante. Ah sim, pelo registro da certidão de nascimento  pode ser que você não ligue o nome à pessoa. Então vou facilitar: entre tantos artistas no mundo, poucos tem uma história parecida com a de Serginho Mallandro, em que a vida real se confunde com a de seu personagem. Mais recentemente, consigo me lembrar de Falcão, que parece estar a todo tempo montado e pronto para soltar seus bordões.

Ícone surgido nos anos 80 e que explodiu nos 90, Sérgio Mallandro criou um registro muito próprio para sua carreira. Em tudo onde ele atuou, fosse como apresentador ou humorista, seus projetos adquiriram uma digital que se popularizou e ganhou as massas, juntamente com seus famosos bordões que se tornaram febre. Como não lembrar dos clássicos ‘Pegadinha do Mallandro’ ou ‘Yeh, yeh, Glu Glu?, ou dos programas que rechearam a cultura pop de pérolas como Porta dos Desesperados, no SBT. Pode ser que as novas gerações não vejam muita graça no humor de Mallandro, mas para aqueles que tem mais de trinta anos essas referências serão, se não ainda muito engraçadas, ao menos carregadas de muita nostalgia.

Em “Mallandro, o Errado Que Deu Certo”, Serginho Mallandro está passando por uma fase ruim em sua carreira e para isso tenta de tudo, inclusive vender roupas e acessórios que usou em seus programas e filmes. Até atacar de Uber tá valendo, mas essa escolha também dá muito errado pois ele geralmente é reconhecido, ainda que usando disfarces. Mallandro está afundado em dívidas e precisa cuidar dos filhos, Mila (Marianna Alexandre) e Lucca (Guilherme Garcia) e é constantemente pressionado pelas mães que ameaçam tirar as crianças dele caso ele não trate de pagar as contas. Recém eliminado de um reality show, ele aceita participar de um piloto para um novo programa de auditório, mas após uma pegadinha dar errado ele se vê entre a vida e a morte e precisa tomar uma decisão importante que pode afetar sua carreira para sempre.

A direção de Marco Antônio Carvalho, que acumula vários trabalhos com o Mallandro há alguns anos, costura a trama entre a ficção e a realidade, trazendo elementos que se tornaram a marca registrada do ator e humorista, que marcaram uma geração, enquanto usa artifícios da ficção para incrementar o humor, que vão desde os contratempos com a justiça até o jogo de cintura em lidar com os fãs ou encarar as dificuldades da vida em família.

“Malandro, O Errado que Deu Certo” é um retrato carinhoso de um dos ícones da cultura pop e do humor no país e usa bem as referências da década que o projetou. Contudo, ainda que possa agradar a muitos, o roteiro lança mão do drama muito tardiamente, com a clara intenção de arrancar lágrimas. É nessa mudança drástica de tom, que, ainda que seja por um motivo nobre  – o de humanizar a figura do humorista -, a sequência final parece se desconectar de todo o resto. Apesar disso, o longa ainda guarda momentos de forte apelo nostálgico, como a participação de Xuxa, que vive uma espécie de anjo da porta do céu que vai decidir se o Mallandro entra ou não no paraíso, ou ainda por reeditar sua fase de príncipe no filme “Lua de Cristal” (1990), também numa parceria com a Rainha dos Baixinhos.

Rogério Machado

Designer e cinéfilo de plantão. Amante da arte e da expressão. Defensor das boas causas e do amor acima de tudo. Penso e vivo cinema 24 horas por dia. Fundador do Papo de Cinemateca e viciado em amendoim.

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